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I SÉRIE — NÚMERO 59

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De facto, não deixa de ser extraordinário que os socialistas portugueses digam que a Alemanha precisa de

mudar a perspetiva que tem sobre Portugal, sobre o Governo de Portugal e sobre os portugueses e, depois,

queiram apoiar para Presidente da Comissão Europeia aquele que na própria Alemanha tem feito o caminho

que tem feito, com a Chanceler Merkel. Não deixa, pois, de ser extraordinário que essa seja também a posição

dos socialistas portugueses e a posição dos socialistas europeus.

A Sr.ª Deputada Paula Baptista falou de opções ideológicas. Sr.ª Deputada, quanto a opções ideológicas,

estamos absolutamente conversados, porque sabemos bem qual é a posição do PCP sobre a União Europeia,

sobre o euro e temos também perfeita consciência — e era bom que os senhores também tivessem —

daquelas que seriam as consequências da saída de Portugal da União Europeia e da desintegração do euro.

A Sr.ª Paula Baptista (PCP): — Fale lá das medidas concretas!

O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Perguntou a Sr.ª Deputada, como é que se desenvolve um País

que foi deixado à beira da bancarrota. Sr.ª Deputada, com muito esforço, como tem sido feito. Com

credibilidade, recuperando a credibilidade de Portugal e, sobretudo, não cometendo os erros do passado.

É assim que se desenvolve o País e é assim que se desenvolve Portugal para o futuro, para as próximas

gerações.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana

Mortágua.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Filipe Lobo d’Ávila, tivemos aqui uma

declaração do CDS de apoio a um candidato com uns argumentos um pouco estranhos. Falou da língua, disse

que vem do Luxemburgo, onde há muitos portugueses. Bom, devo dizer-lhe que Durão Barroso também fala

português e veja só onde é que isto nos trouxe!… Portanto, não nos parece que a língua ou a proveniência do

candidato seja necessariamente um grande argumento.

O que é importante, sim, é a escolha política, saber qual é a posição política do candidato que apoiamos.

Aquilo que o Sr. Deputado veio apresentar é a substituição de um yes man da Alemanha da Sr.ª Merkel por

outro yes man da Alemanha da Sr.ª Merkel. A mesma política!

Portanto, Sr. Deputado, sabendo que não é a língua nem a origem que determinam as políticas e o que é

necessário é uma alternativa política, digo-lhe que a nossa alternativa fala grego, vem de um país que sofreu e

conhece bem a situação dos portugueses, sabe o que é ser de um país periférico que sofreu com o modelo de

construção europeia, sabe o que é ver um povo desesperado pela austeridade imposta por uma Europa que

há muito tempo que pôs a solidariedade e a democracia no bolso, chama-se Alexis Tsipras e é um candidato

que, de facto, significa e protagoniza uma alternativa política.

E, Sr. Deputado, fico até perplexa, porque tive muitos debates com outros Deputados, também do CDS, e

lembro-me de os ouvir dizer: «Bom, nós até queríamos aliviar a austeridade mas a Europa não deixa. Nós até

gostávamos que isto não fosse assim, mas há regras da Europa que impõem que assim seja. Nós não

queríamos bem assim, mas os senhores da Europa são maus, o Banco Central não nos ajuda…».

Muitas e muitas vezes ouvi Deputados do CDS acusarem a Europa de ter as políticas erradas e, portanto,

fico perplexa quando vejo aqui uma declaração de apoio a um candidato que mais não faz do que repetir as

mesmas políticas num novo ciclo, isto é, são exatamente os mesmos problemas, as mesmas políticas, só que

mais fortes, mais graves.

Para terminar, gostaria ainda de dizer que há hoje um consenso fora dos dogmas radicais deste Governo e

desta elite que domina a Europa. Há, de facto, um consenso generalizado que ultrapassa muito as fronteiras

da Europa. A Comissão Europeia não soube lidar com a crise, impôs austeridade quando o que era necessário

era aliviar a austeridade e criar emprego, a Europa é hoje menos democrática, crescem conflitos por toda a

Europa que maltratou os seus cidadãos.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr.ª Deputada, queira terminar.