20 DE MARÇO DE 2014
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não deixe, evidentemente, de transmitir aos meus colegas aquilo que tem sido o resultado essencial que
temos vindo a alcançar e os desafios que ainda temos no âmbito da conclusão do nosso Programa.
Seja como for, não podemos deixar de destacar a importância que tem este tipo de exercícios no Conselho
da Primavera, não só para a política económica em cada Estado-membro, mas também para a política
macroeconómica da União Europeia como um todo.
A saída do nosso Programa vai, evidentemente, enquadrar-nos neste exercício normal, que, no segundo
semestre, já nos obrigará a mostrar à Comissão Europeia aquilo que são as nossas intenções em matéria de
política orçamental, antes ainda, portanto, de o Governo apresentar a sua proposta de Orçamento para a
Assembleia da República a poder analisar. Evidentemente que o desenho das nossas políticas públicas terá
um grande significado para a avaliação que será feita em termos europeus.
Aquilo que também merece atenção da minha parte relaciona-se com o processo de construção de uma
verdadeira união bancária, na medida em que, como sabem, existe ainda alguma indecisão no processo que o
trílogo vem desenvolvendo no sentido de obter um acordo entre o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu
nesta matéria.
É sabido que, apesar de saudar o consenso que foi atingido em sede de Conselho Europeu, manifestei,
quer no Conselho, quer publicamente, o desejo de que pudéssemos chegar a um conteúdo mais avançado e
mais aprofundado que nos desse mais garantias de que o processo de união bancária pudesse vir ao encontro
das nossas pretensões. Insisto: uma parte significativa da política monetária, que é conduzida pelo Banco
Central Europeu, não tem um mecanismo de transmissão devidamente eficiente, pois existe ainda uma
fragmentação financeira muito elevada na Europa.
Não temos nenhuma dúvida de que este processo, que já se iniciou com a instituição de uma autoridade
única de supervisão, conduzirá a um regresso de mais confiança nos mercados financeiros europeus e que
isso ajudará a ultrapassar a situação de fragmentação que ainda hoje vivemos. Mas não chega, é preciso que
o mecanismo de resolução bancária tenha um adequado apoio europeu e que possa constituir-se de uma
forma mais rápida do que aquilo que está previsto. Portanto, não deixarei de insistir nesta matéria, procurando
sensibilizar os meus colegas para esse resultado.
Finalmente, termino com duas notas.
Em primeiro lugar, em relação aos documentos divulgados a propósito do desenvolvimento da indústria em
termos europeus, ao mesmo tempo que é crítico para a retoma económica na Europa, é ainda insuficiente face
àquilo que são as metas estabelecidas e à relativa indefinição dos meios de financiamento que serão alocados
a essa estratégia.
Em segundo lugar, uma referência às metas para a agenda do clima e da energia. Portugal tem vindo a
defender metas mais ambiciosas e eu próprio tive ocasião de enviar uma carta ao Presidente do Conselho
Europeu renovando a comunicação que o Ministro do Ambiente e da Energia fez no respetivo Conselho de
Ministros.
Precisamos de metas mais ambiciosas em termos europeus, mas não apenas para a redução dos gases
com efeito de estufa, não apenas para diminuir a intensidade energética e, portanto, aumentar a eficiência
energética, não apenas para aumentar a percentagem de renováveis no consumo de energia final, mas
também para aumentar as interligações que nos poderão garantir a realização de um verdadeiro mercado
interno de energia.
Desse ponto de vista, parece-me que uma coisa deve andar a par da outra e espero que este debate, que
se vai agora iniciar, à luz, até, dos desenvolvimentos que foram registados na Ucrânia, possa sofrer agora uma
aceleração. Isto porque, é evidente, existe uma grande dependência energética de uma parte significativa da
Europa, das políticas energéticas que são desenvolvidas pelos Estados russos, pela Confederação Russa e,
evidentemente, o aumento das interligações da Península Ibérica para o resto da Europa pode corresponder a
necessidades de inverter essa grande dependência de muitos países europeus, disponibilizando não apenas
maior segurança e diversificação nas fontes energéticas e no abastecimento energético, mas também a custos
mais favoráveis para todos os europeus, com benefício para os mercados português e espanhol.
Sr.ª Presidente, termino dando nota de que, relativamente à Ucrânia, não deixaremos de fazer uma
avaliação da situação, seguramente para renovar o nosso convite à Rússia, bem como à Ucrânia, para que se
encontrem soluções diplomáticas e políticas para um problema sério que foi originado em termos que não são