14 DE MAIO DE 2014
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legislação de arborização e de rearborização que abre a porta ao eucalipto. Só o facto de abrir a porta ao
eucalipto é já um erro por si só e, naturalmente, um fator de fragilização da nossa floresta.
O financiamento à prevenção é muito mais reduzido do que o financiamento ao combate. Nas nossas
audições ficou também patente a preocupação das várias entidades relativamente a esta matéria, porque uma
reduzida aposta na prevenção significa que ficaremos demasiado tempo à espera, e o tempo de espera aqui
tem um significado.
Sr.as
e Srs. Deputados, a participação regular e colaborativa entre investigadores, universidades,
administração, produtores, indústria e populações é também fundamental.
As campanhas de sensibilização são um aspeto determinante, porque a negligência assume um peso
relevante na deflagração dos fogos florestais. Não podemos descurar esta matéria, pelo que a sensibilização
da população é uma questão que não devemos negligenciar.
Sr.as
e Srs. Deputados, para terminar, queria ainda dizer que a medida anunciada pelo Governo de colocar
2000 desempregados na vigilância das florestas, substituindo a profissionalização na prevenção, é uma
medida que, na nossa perspetiva, merece ser reconsiderada.
É preciso ter no terreno pessoas que o conheçam e, por isso, a estabilidade das equipas de prevenção é
também uma matéria fundamental. Não pode, Sr.as
e Srs. Deputados, falhar financiamento aos bombeiros.
Não pode, Sr.as
e Srs. Deputados, falhar formação de proximidade e treino dos bombeiros portugueses.
Sr.as
e Srs. Deputados, para terminar, quero dizer que o Governo fica com uma maior responsabilidade
com a aprovação deste projeto de resolução por parte da Assembleia da República. Fica com uma maior
responsabilidade perante o Parlamento e o País e a Assembleia da República fica também muito legitimada
para pedir permanente e regularmente contas ao Governo.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto, do Bloco de
Esquerda.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Acho que há uma primeira conclusão que podemos tirar da primeira parte deste debate, e devo dizer que o
debate não foi completo porque não conseguimos abordar com profundidade todas as questões relacionadas
com o combate aos incêndios, uma vez que o Sr. Ministro da Administração Interna guardou a sua intervenção
para o período de encerramento.
Tenho pena que o Sr. Ministro não tenha vindo também debater este assunto. Como os grupos
parlamentares, também o Governo tem de saber gerir o seu tempo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Quando está cá, é porque está; quando não está, é porque não
está!… Quando fala é porque fala!…
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Era muito importante que o Sr. Ministro da Administração Interna tivesse
participado na primeira parte do debate, e não percebo, Sr. Ministro Luís Marques Guedes, em que é que isto
pode ofender o Governo. Acho que teria sido importante.
Agora, ao tirarmos as conclusões, só podemos tirá-las pela metade, porque não tivemos oportunidade de
questionar nem de ouvir a opinião do Sr. Ministro Miguel Macedo sobre questões importantíssimas relativas ao
combate. Aliás, Sr. Ministro, se ouviu bem os grupos parlamentares, terá constatado que todos disseram que
houve avanços nesta área. Se houve avanços, então, era importante que os debatêssemos e, sobretudo, que
equacionássemos aquilo que é preciso fazer para o futuro.
Indo direta a algumas conclusões, mesmo que generalistas, Sr.ª Presidente, importa dizer que, em matéria
de incêndios, ainda existe um conjunto de pontos fracos e é preciso levá-los em atenção.
Há pontos fracos em relação ao ordenamento da floresta, há pontos fracos em relação às questões
ambientais, nomeadamente quanto à questão das alterações climáticas, decisiva nesta matéria. É pena
também que não esteja presente nenhum representante do Ministério do Ambiente…