19 DE JUNHO DE 2014
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O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, as minhas primeiras palavras são,
naturalmente, de saudação à Confederação do Comércio e Serviços de Portugal e aos mais de 4500 cidadãos
que, com a petição hoje em apreciação, apresentaram à Assembleia da República um conjunto de
preocupações relativas à aplicação do Novo Regime Jurídico do Arrendamento Urbano e, em consequência —
facto que assinalo como muito relevante —, um conjunto de propostas de alteração à legislação aprovada
nesta Casa.
Saúdo também o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português por apresentaram duas iniciativas
de âmbito mais largo. No entanto, nem uma nem outra são inovadoras, pois, como foi dito, já anteriormente
aqui tinham sido apresentadas
Sr.as
e Srs. Deputados, em fevereiro de 2014 — entre a apresentação dos segundos e terceiros relatórios
da Comissão de Monitorização — realizou-se o Congresso do PSD.
Entre as ideias abordadas naquele evento, surge o seguinte slogan: «Sim a mais economia com mais
sensibilidade: o arrendamento». Traduzido, claro está, em algumas considerações: «Esta lei envolve um forte
impacto social; pode e deve ser melhorada na correção dos instrumentos de proteção ao pequeno comércio.
Em poucas áreas como na habitação se distingue a matriz ideológica deum partido na respetiva condução
política. Importa pois, afirmar as preocupações sociais que são parte da identidade do Partido Social
Democrata.
Melhor salvaguarda das entidades não enquadradas como microentidade mas classificáveis como
microempresas e ajuste do período de transição dos contratos de arrendamento não habitacional».
Aliás, é prática deste Governo não cumprir sequer o que propõe no seu próprio Programa de Governo, o
prazo de transição, e é assim muito curioso que, passados quatro meses desse Congresso, nada tenha sido
feito.
O Sr. José Magalhães (PS): — Ora aí está!
O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Promessas vãs, palavras ocas, nada a que não estejamos habituados.
Se é fácil declarar que as preocupações sociais são parte identitária do PSD, tal não tem correspondência
com a realidade, pois foi esta maioria que fez aprovar, nesta Câmara, esta nefasta Lei, na qual não foram
introduzidas ainda quaisquer alterações que minimizem os seus efeitos.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista apresentou no momento oportuno um pacote legislativo que
acautelava muitas das situações que hoje são identificadas como críticas, do ponto de vista económico e,
sobretudo, do ponto de vista social.
Fizemo-lo com a convicção de que o País carecia de uma reforma no domínio do arrendamento e na
dinamização do mercado, essencial para a revitalização das nossas cidades e para o crescimento da nossa
economia. Propostas chumbadas pelo PSD e pelo CDS.
Desde 2012, quando a maioria impôs ao País a nova lei, temos vindo a apresentar propostas que poderiam
mitigar os seus efeitos perniciosos, muito especialmente quanto aos inquilinos em situação mais vulnerável,
propostas que a maioria sempre rejeitou, de forma liminar e insensível, pese embora as medidas e os
argumentos apresentados.
Nem mesmo quando aludimos à garantia pública e formal dada ao Sr. Presidente da República sobre a
proteção social dos arrendatários em situação de maior vulnerabilidade, esta deixou de ser atirada para as
calendas: os arrendatários têm tempo, podem esperar, diz a maioria parlamentar.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Termino já, Sr. Presidente.
A proteção social a lembrar-nos a rábula revisteira de Ivone Silva: «Com um vestido preto, eu nunca me
comprometo».
É por isso que termino esta minha intervenção com a mesma convicção com que a iniciei, a de que este
processo espelha, infelizmente, a verdadeira matriz ideológica do PSD e do CDS-PP, conservadora,