I SÉRIE — NÚMERO 2
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aos privados a parte que dá lucro, porque esta, sim, Sr. Deputado, é uma ideia que dá maus resultados, é
pouco racional do ponto de vista económico e está muito datada.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, concluído o período destinado a declarações políticas, vamos passar
ao debate do projeto de resolução n.º 1101/XII (3.ª) — Recomenda ao Governo que avalie o regime facultativo
de IVA de caixa, criado através do Decreto-Lei n.º 71/2013, de 30 de maio, e que promova medidas que
minimizem os problemas de tesouraria das PME, designadamente através de um programa de pagamento das
dívidas em atraso por parte das entidades públicas e da criação de um regime especial de liquidação do
imposto sobre o valor acrescentado (IVA) para as transações em que o Estado figure como cliente (PS).
Para apresentar o projeto de resolução, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Campos.
O Sr. Paulo Campos (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Depois de três anos de ação desastrosa
deste Governo sobre a economia, verificamos que o financiamento à economia é cada vez mais um problema.
A concessão de crédito em Portugal diminuiu cerca de 7% em 2012, diminuiu cerca de 5% em 2013 e em
2014, nos primeiros sete meses, voltou a diminuir cerca de 7%.
Há cada vez mais empresas incumpridoras no sistema, prejudicando milhares de outras empresas
cumpridoras. Em 2011, cerca de 6,7% dos empréstimos estavam em incumprimento e, desde essa data, têm
vindo a aumentar, em termos mensais, os níveis de incumprimento. Todos os meses temos um novo record de
incumprimento, que ficou fixado, em junho de 2014, em cerca de 14% dos créditos das empresas.
O PS tem estado, e continua a estar, muito preocupado…
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Com as PPP?!
O Sr. Paulo Campos (PS): — … com a incapacidade deste Governo e com as consequências dessa
incapacidade relativamente à economia real. E volta a trazer a este Parlamento soluções para o problema do
financiamento da economia. São medidas concretas para problemas concretos; são soluções eficazes para
problemas de muitas PME; são soluções que trazem justiça, que protegem empresas cumpridoras,
desincentivam comportamentos inimigos da economia; são soluções que melhoram as contas públicas; são
soluções que obtiveram consenso junto de parceiros sociais, como é o caso da CIP; são soluções amigas do
crescimento, do desenvolvimento, da criação de emprego; são soluções amigas da economia.
Efetivamente, o PS tem proposto diversas soluções para apoiar a economia real. Já o fizemos em 2012,
com o projeto de resolução relativo ao pagamento a tempo e horas e em 2013, com o projeto de resolução que
continha nove propostas de apoio à atividade económica, as quais incluíam o confirming, o qual permitiria, a
muitas empresas, o recebimento mais célere dos pagamentos do Estado.
No Orçamento do Estado para 2014, apresentámos várias propostas, nomeadamente a da afetação de
parte da linha de financiamento não utilizada da troica, relativamente aos bancos, e voltamos hoje a fazê-lo,
com a apresentação deste projeto de resolução, que tem duas grandes soluções para as pequenas e médias
empresas: em primeiro lugar, a criação de um regime especial de IVA aplicável às transações em que as
empresas forneçam bens e serviços ao Estado, de acordo com o qual estas só devem pagar o IVA, quando o
cliente Estado efetuar o pagamento a que se encontra obrigado, isto é, só devem pagar o IVA quando o
Estado lhes pagar o respetivo fornecimento ou serviço; em segundo lugar, que o Governo minimize os
impactos na liquidez dos custos internos das empresas, decorrentes do incumprimento nos prazos de
pagamento, permitindo o ressarcimento do IVA liquidado e penalizando as empresas incumpridoras,
desincentivando-as destas práticas de incumprimento.
Como disse, são medidas concretas para problemas concretos, são medidas amigas da economia. Com
esta proposta, há também uma boa oportunidade para a maioria e o Governo apoiarem a economia real e
juntarem-se ao Partido Socialista.
Aplausos do PS.