21 DE MAIO DE 2015
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Isso está dito, redito e voltado a dizer, como aconteceu hoje.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Por Os Verdes, para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a propósito desta matéria
que tem estado a ser discutida, a das isenções fiscais ao Novo Banco, é curioso, porque o Sr. Primeiro-
Ministro tem estado a dar respostas e a falar da administração tributária como se nada tivesse a ver com o
Governo, como se fosse quase uma entidade externa a decidir sobre a matéria, sem que houvesse,
eventualmente ou porventura, um despacho do Sr. Secretário de Estado, com forte incidência sobre a matéria.
Não lave as mãos daquilo em que o Governo tem responsabilidade, nem fuja à resposta, porque daquilo
que o Sr. Primeiro-Ministro já teve oportunidade de responder sobre a matéria, há uma conclusão que se pode
já tirar: podia não ter sido atribuída isenção fiscal ao Novo Banco.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — E nesse caso, Sr. Primeiro-Ministro, o País ganharia, talvez,
qualquer coisa como mais 450 milhões de euros, à volta disso.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Ou o Sr. Primeiro-Ministro quer ficar pelos 85 milhões de euros e
explicar o resto? Quantifique, Sr. Primeiro-Ministro. Já aqui lhe foi colocada a questão, mas o Sr. Primeiro-
Ministro não quer entrar em números…
A pergunta que Os Verdes fazem é a seguinte: o País está em condições de não obter esses 450 milhões
de euros ou, se quiser, de ficar, mesmo, pelos 85 milhões de euros, Sr. Primeiro-Ministro? Estamos em
condições para isso?! Temos situação para isso?!
Mais: o Sr. Primeiro-Ministro, na intervenção inicial, veio gabar-se que criou uma contribuição extraordinária
sobre o setor energético (CESE) e que até alargou o âmbito de incidência desta contribuição. Mas o Sr.
Primeiro-Ministro não disse que vai começar a acabar fortemente com ela para o ano, nem que daqui a dois
anos já não há!
Por se acabar com a contribuição extraordinária sobre o setor energético, de que o Sr. Primeiro-Ministro
estava a gabar-se, estamos em condições de perder, anualmente, 100 milhões de euros? O País tem
condições para isto?
Afinal, Sr. Primeiro-Ministro, os senhores gostam de fazer o País perder dinheiro para os grandes
interesses. Para esses há sempre benefícios, nunca há carga e, quando há, é sempre muito curtinha! Para os
portugueses, é a carregar, a carregar e a carregar! Não pode ser, Sr. Primeiro-Ministro! Explique por que é
que, por exemplo, relativamente a essa contribuição extraordinária, não a mantém definitiva?!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Creio que a Sr.ª Deputada nos tem vindo a habituar aqui, no Parlamento, a um
alinhamento maior com o Bloco de Esquerda do que com o Partido Comunista Português.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Que graçola!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não sei se isso terá consequências para as futuras eleições.