I SÉRIE — NÚMERO 88
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Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas vou responder à Sr.ª Deputada, dizendo o seguinte: em primeiro lugar, o
Sr. Secretário de Estado fez um despacho em cima do parecer do Centro de Estudos Fiscais. Não há dúvida
de que o despacho que o Sr. Secretário de Estado fez está de acordo com aquilo que estava proposto pela
administração tributária. Esta é a ordem natural das coisas. Portanto, ninguém lava as mãos de coisa
nenhuma!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Não, não!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se o Governo não concordasse com a interpretação feita pela administração
tributária não despachava. Despachou, porque, evidentemente, está de acordo com a proposta. A proposta
tributária tem sentido, Sr.ª Deputada, eu já o expliquei aqui e não vou voltar a fazê-lo.
A Sr.ª Deputada acha que vale a pena tributar operações que não resultam de alienação, nem de venda
decidida pelos próprios. Trata-se de uma matéria que foi imposta, decidida pelo próprio Banco de Portugal,
pelo supervisor. Não foi o Dr. Ricardo Salgado que decidiu que ia fazer o Novo Banco e transferir do BES para
o Novo Banco aqueles ativos para ganhar com eles, Sr.ª Deputada.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Essa é boa!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quem decidiu transferir esses ativos do Banco Espírito Santo para o Novo
Banco foi o Banco de Portugal. E fê-lo para quê? Para preservar o interesse dos contribuintes, o interesse da
estabilidade financeira do País e o interesse do País, portanto.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E quem é que vai ficar com o Novo Banco?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — A Sr.ª Deputada quer tributar esse interesse. A Sr.ª Deputada queria dizer
assim: «Não, não, mas como faz tudo isso e impôs ao Banco Espírito Santo tudo isso, agora lucre com isso,
se fizer favor! Por que é que o Estado ainda não há de lucrar com isso. Era justo!», diz a Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não é lucrar!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Deputada, se pagasse imposto toda a demagogia que é feita, Portugal era
um País rico.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem, de novo, a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não se trata de lucrar com o
imposto, trata-se de não perder dinheiro. O País não está em condições de perder dinheiro para beneficiar o
grande capital financeiro e os grandes grupos económicos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não está nessas condições!
E, depois, Sr. Primeiro-Ministro, por que é que fugiu à pergunta sobre a contribuição extraordinária sobre o
setor energético? Por que é que não quer falar da contradição de se ter gabado de uma coisa que criou e
alargou e que, afinal, para o ano já vai acabar? Porquê? O País está em condições de perder anualmente 100
milhões de euros?