21 DE MAIO DE 2015
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O Sr. Primeiro-Ministro: — … «Os senhores não querem é reestruturar a empresa». E a mesma
reestruturação que o Partido Socialista tinha desenhado e que implicava o despedimento, já na altura, de
quase metade dos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, era, para eles, uma alternativa
melhor, como agora é a reestruturação da TAP, se calhar, com metade dos trabalhadores que lá estão. Mas
aquilo que o Estado teria de reembolsar…
O Sr. Jorge Fão (PS): — Parece uma conversa à lareira!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … ou, neste caso, a concessão ou a privatização que fosse feita, portanto, a
alienação que fosse feita teria de realizar o reembolso em auxílios de Estado e não era comportável manter a
operação.
Esta é a realidade. O que aconteceu foi que seguimos a opção correta e a Comissão Europeia veio dizer,
no final do processo, justamente, que tinha havido auxílios de Estado que não eram considerados legais e
que, no caso de aquela empresa não ter caminhado para a extinção, eles teriam de ser devolvidos, o que
representaria a impossibilidade de hoje ter construção naval em Viana do Castelo.
Por isso, Sr. Deputado Nuno Magalhães, o exemplo que aqui trouxe é eloquente para demonstrar que já
não foi a primeira vez que seguimos uma estratégia correta…
O Sr. Jorge Fão (PS): — Parece as conversas em família!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e se a estratégia alternativa sugerida tivesse sido seguida teria conduzido,
novamente, ao desastre.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Sr. Deputado Luís Montenegro, do PSD.
Para formular as suas perguntas, tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs.
Ministros, Sr.ª Secretária de Estado: Sr. Primeiro-Ministro, queria começar por lhe dizer que este debate
começou francamente bem, francamente bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — E vai acabar mal!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Não só porque o Sr. Primeiro-Ministro apresentou, aqui, um elenco muito
significativo daquilo que Portugal foi capaz de fazer no período pós-troica, no último ano, e esse elenco não
mereceu nenhuma contestação por parte dos partidos da oposição, como a única contestação visível, por
parte do Partido Socialista — pasme-se! — foi perguntar ao Sr. Primeiro-Ministro e à maioria por que é que
comemoramos a saída da troica, há um ano atrás. O PS não compreende por que é que se comemora a saída
da troica.
Sr. Primeiro-Ministro, pergunto: então, os portugueses — já não é só a maioria e o Governo, mas os
portugueses — haviam de comemorar o quê? A entrada da troica em Portugal? Era isso que era digno de
comemoração? Era essa a comemoração que o Partido Socialista gostava que os portugueses fizessem?!
O Sr. Jorge Fão (PS): — Os senhores comemoraram!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Primeiro-Ministro, é muito difícil perceber quem não é capaz de se
reencontrar com a História.
Mas este debate começou e continuou a correr bem, porque houve muita clareza de posições. Houve, de
facto, muita clareza de posições.