15 DE DEZEMBRO DE 2016
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O PCP acompanhou atentamente, desde o primeiro momento, o processo de atribuição destas concessões
pelo anterior Governo PSD/CDS-PP, nomeadamente no que diz respeito às questões ambientais.
Logo em março de 2012 o Grupo Parlamentar do PCP exigiu ao anterior Governo PSD/CDS-PP a realização
de avaliações de impacte ambiental, inclusivamente na fase inicial de prospeção e pesquisa, para determinar
as medidas que as concessionárias deveriam adotar para minimizar os impactes ambientais e assegurar a
proteção do ecossistema marinho.
O anterior Governo do PSD/CDS-PP, com uma grande dose de hipocrisia política, declarou-se muito atento
às questões ambientais, mas recusou, liminarmente, a realização dessas avaliações de impacte ambiental,
posição essa que viria a reiterar ao longo do seu Governo e até 2015, altura em que foi novamente questionado
pelo PCP.
Mas não desistimos! O PCP insistiu nesta matéria e, como a Sr.ª Deputada sabe, no passado dia 1 de julho,
a Assembleia da República aprovou um projeto de resolução do PCP que recomenda ao Governo a realização
de avaliações de impacte ambiental, também na fase inicial de prospeção de petróleo e gás natural. Sr.ª
Deputada Heloísa Apolónia, penso que concordará que este foi um passo importante, porque vincula
politicamente o Governo a promover estas avaliações de impacte ambiental.
A exploração dos nossos recursos energéticos nacionais, renováveis e não renováveis, é uma matéria que
deve ser objeto, na opinião do PCP, de um amplo debate público que permita ponderar, de forma informada e
esclarecida, as vantagens e desvantagens, oportunidade e as condições de aproveitamento desses recursos
energéticos nacionais.
Assim, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, pergunto-lhe se concorda com a necessidade de promover um amplo
debate sobre as opções energéticas do nosso País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, gostaria de agradecer ao
Sr. Deputado João Vasconcelos pelas considerações feitas, bem como ao Sr. Deputado Paulo Sá pelas
questões colocadas.
Aproveito também, muito rapidamente, para dizer o seguinte: sim, consideramos que estas são boas notícias,
como acabei de referir na minha intervenção. Mas, de qualquer modo, consideramos que o interesse público
não ficou definitivamente assegurado com as rescisões de contratos anunciadas. Há outros e consideramos que
a prossecução do interesse público implicaria podermos dizer definitivamente — e esta é a posição de Os Verdes
— que não existe pesquisa, nem existirá exploração de petróleo e de gás natural no nosso País.
Por outro lado, Sr. Deputado Paulo Sá, consideramos que o contributo que todos os partidos deram aqui na
Assembleia da República, aqueles que o deram evidentemente, foi certamente relevante e importante e que
todas as discussões que aqui fizemos constituíram certamente um contributo para que esse necessário debate
também se fizesse. Não tenho dúvidas, Sr. Deputado, que serviram também para alertar o Governo para os
passos e para a atenção que seria necessário dar a este problema.
Tenho a certeza, Sr. Deputado, de que, se Os Verdes, por exemplo, não tivessem levantado esta questão
ao Primeiro-Ministro em vários debates quinzenais, eventualmente, o Primeiro-Ministro não teria a consciência
concreta e direta sobre esta matéria como agora pode ter, assim como a podem ter outros ministros. Chegámos
a receber respostas diretas por parte do Sr. Primeiro-Ministro em relação a ações concretas que poderia tomar
para interferir na matéria dos contratos de pesquisa e exploração de petróleo no Algarve.
Os Verdes consideram que tinham a obrigação de dar um empurrão para informar e para fazer pressão ao
Governo sobre esta matéria.
O Sr. Deputado Paulo Sá pergunta-me se não consideramos que deve haver um amplo debate sobre as
matérias energéticas do País. Sim, Sr. Deputado, a nossa resposta é muito concreta: consideramos que sim.
Consideramos que a informação levará necessariamente à consciencialização do tipo de desenvolvimento
que efetivamente queremos. Queremos ser autossustentáveis o máximo possível, evidentemente, mas
queremos apostar, e tenho a certeza de que há um consenso a nível nacional relativamente a essa matéria,