25 DE JANEIRO DE 2017
33
Há uma última tese, conhecemo-la esta semana: o PSD escreveu aos patrões, explicando-lhes que iria votar
contra o acordo de concertação — vejam lá! — para os libertar da chantagem a que tinham sido sujeitos.
Chantagem, Srs. Deputados? Já tínhamos visto de tudo, mas isto ainda não. Aliás, em tempos, já tivemos um
sujeito histórico que nos lançava à vanguarda do proletariado.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Quem era?
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Agora temos um novo sujeito histórico, representado pelo PSD, que
é a vanguarda do patronato, que é a vanguarda do empresariado.
Aplausos do PS.
O PSD vem a jogo libertar à força os empresários de um acordo — vejam lá, Srs. Deputados — que os
senhores empresários assinaram e libertá-los de propostas que fizeram para assinar esse acordo.
Srs. Deputados, sejam criativos, mas assim é demais.
O que tudo isto demonstra é que o PSD não sabe por que vota contra esta medida, mas sabemos que, com
isso, viola as suas posições, a sua coerência e os seus princípios, colocando-se contra a concertação e a livre
negociação.
Este voto apenas exprime a estratégia de uma direção partidária desorientada, que quer extremar posições
num País que se normaliza demonstrando o seu divórcio com a realidade.
Infelizmente, estas piruetas descredibilizam toda a atividade política, todos os partidos e, por isso, depois do
que hoje se vai passar, retomaremos um diálogo alargado para cumprir os nossos objetivos.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Comecem aí, nessa bancada!
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — O histórico social-democrata Sá Carneiro disse um dia que a política
sem risco é uma chatice e sem ética é uma vergonha.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Hoje, depois do triste malabarismo a que temos assistido por parte do PSD, fica claro que a coerência é uma
outra expressão dessa ética política que nos fortalece, mas que o risco despojado de firmeza dos princípios não
passa de pequena política, que apouca e que enfraquece a nossa vida democrática. O PSD, com esta posição,
enfraquece-nos a todos, mas nós sairemos hoje daqui mais fortalecidos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Soares, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Luís Soares (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: O Grupo
Parlamentar do Partido Socialista compreende bem que as posições do passado normalmente condicionam a
discussão política do presente. Também compreendo que determinados partidos nesta Câmara, hoje, percebam
que o debate possa ser mais ou menos difícil.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista respeita todos os partidos, respeita até os partidos com os quais
discorda, no dia de hoje, e que têm menos de 20% nas eleições.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Luís Soares (PS): — Respeitamos estes e até respeitamos o CDS-PP!
Protestos do CDS-PP.