25 DE FEVEREIRO DE 2017
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O Sr. João Galamba (PS): — A privatização deixava a dívida no Estado!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Mas direi mais: o serviço está pior, a oferta tem pior qualidade, os utentes
queixam-se cada vez mais e o contribuinte paga cada vez mais.
O Sr. Ministro do Ambiente: — Isso não é verdade!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — O Sr. Ministro diz que não é verdade, mas não sou eu que o digo. Não é
um Deputado da direita que o diz! É um requerimento do Partido Comunista Português que chama V. Ex.ª à
comissão e que diz que há falta de maquinistas e de material circulante, falta de tripulações, o que impõe de
cortes nas carreiras fluviais na Transtejo, que há falta de investimento e de modernização na bilhética, que as
estações de interface estão a ficar ao abandono…
Protestos do PCP e de Deputados do PS.
… e que a Soflusa está parada. E nem tenho tempo para ler tudo!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Que surpresa!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Já se sabia!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Enfim, estão piores! E direi até mais: as queixas aumentaram
exponencialmente.
É um facto que os sindicatos não têm feito greves e os pré-avisos de greve pararam. Há, pelo menos, uma
parte que está contente …
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vá ver o que diz o resto dos sindicalistas!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … mas tudo o resto está pior!
Até direi mais, Sr. Ministro: também não foi o CDS que pediu a apreciação parlamentar. O Partido Comunista
Português pediu a apreciação parlamentar dos Decretos-Leis sobre transportes e comunicações — está aqui!
— para cessação da sua vigência. Diz que os municípios não têm estabilidade financeira nem condições para
garantirem o serviço, que a municipalização é um erro e que, portanto, não há outro remédio se não decretar a
cessação de vigência deste modelo.
Sr. Ministro, não é o CDS que o diz! O que gostávamos de saber hoje é como é que vão ficar garantidos, de
facto, a sustentabilidade dessas empresas, o direito à mobilidade, o direito a ter um serviço público de qualidade,
o direito a ter um transporte acessível, regular e a preço justo para a população que mais precisa dele. Nada
disso está claro!
Mesmo que olhemos para o modelo e para o acordo de princípio assinado entre o Estado e a Carris, Sr.
Ministro, fizemos várias perguntas e continuam as dúvidas. Não temos nenhuma objeção de princípio,
gostávamos era de saber o que é que aí vem e com que se pode contar, porque isto é muito genérico.
Por exemplo, diz-se que «(…) a Carris manterá direitos de utilização dos imóveis referidos no ponto anterior
em termos a definir pelas partes (…), que a Câmara assume (…)» — como já hoje referiu aqui e como também
acontece na STCP — «(…) as indemnizações compensatórias por serviço público são garantidas pelas
autarquias não pelos contribuintes (…)».
Não temos nada a opor! Mas isso obriga ou não obriga à alteração dos contratos? Obriga ou não obriga à
alteração da legislação? Obriga ou não obriga à alteração dos modelos?
Queremos saber, por exemplo, se o regulador está à espera da informação do Governo, como ele diz. Se já
a solicitou, então, tem de dar um parecer prévio vinculativo, mas como não o deu é porque não tem essa
informação.