2 DE JUNHO DE 2017
19
Exerceu a advocacia, o jornalismo e a docência no ensino secundário.
O seu gosto pela poesia nasceu cedo e a qualidade da sua obra literária foi inúmeras vezes reconhecida,
como atestam os inúmeros prémios que recebeu, entre os quais o prémio Revelação da Sociedade Portuguesa
de Escritores ou, mais recentemente, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores/CTT
e o Grande Prémio Casino da Póvoa.
Reunida em sessão plenária, a Assembleia da República assinala com tristeza o seu falecimento,
transmitindo o seu pesar à família e aos amigos de Armando Silva Carvalho».
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 324/XIII (2.ª).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, em relação aos votos de pesar que acabámos de votar vamos guardar 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Srs. Deputados, temos agora dois votos sobre os quais foram pedidos tempos para debate: o voto n.º 319/XIII
(2.ª) — De protesto pela conduta omissiva do Governo na cimeira ibérica quanto ao encerramento da central
nuclear de Almaraz (PSD) e 320/XIII (2.ª) — De protesto pela ausência do processo da central nuclear de
Almaraz na 29.ª Cimeira Bilateral Luso-Espanhola (CDS-PP).
Vamos dar início ao debate, dando a palavra, para uma intervenção, ao Sr. Deputado Manuel Frexes, do
PSD.
O Sr. Manuel Frexes (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A central nuclear de Almaraz situa-
se a cerca de 100 Km da fronteira de Portugal e em breve completará 40 anos de laboração, encontrando-se
obsoleta, ultrapassada e com um historial de inúmeros incidentes.
Esta circunstância aconselha o seu encerramento e consequente desmantelamento. Esta é, aliás, a prática
na União Europeia, onde a Alemanha iniciou o encerramento de todas as centrais nucleares antes de atingirem
os 40 anos de idade e a França vai fazer o mesmo a cerca de dois terços das suas centrais.
A Assembleia da República, reconhecendo este facto, aprovou por unanimidade uma resolução tendente a
encerrar esta central nuclear. Igualmente, aprovou, sem votos contra, o agendamento desta matéria fundamental
para a Cimeira Ibérica do último fim de semana. Inacreditavelmente, o Governo português não o fez, mas, mais
grave, nem tampouco o quis fazer. Pura e simplesmente, cedeu aos interesses de Espanha e das suas empresas
elétricas, acionistas de Almaraz. Deste modo, desrespeitou a Assembleia da República e foi indiferente às
preocupações expressas por todas as forças políticas com assento parlamentar.
Daí o nosso mais veemente voto de protesto, daí a nossa censura à atitude do Governo.
Mas mais: a conduta do Governo e do Partido Socialista gera-nos agora profunda inquietação. O Ministro
dos Negócios Estrangeiros diz que não agendava o tema, pois não queria perturbar a Cimeira. O Ministro do
Ambiente — ou melhor, o ministro do insólito — está feliz e contente por o tema ter sido adiado e Espanha ter
mais dois anos para pedir o prolongamento da vida da central — pasme-se!
Mas o que verdadeiramente nos inquieta é a posição do Sr. Primeiro-Ministro, que diz que este tema tinha
sido falado e que estava resolvido. Resolvido como?! Portugal, servilmente, já cedeu ao prolongamento da vida
de Almaraz? Há já decisões tomadas, de que este Parlamento não tem conhecimento e que os portugueses
sabem?
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado, se faz favor.
O Sr. Manuel Frexes (PSD): — Aliás, nesta linha de pensamento, não compreendemos o voto do Partido
Socialista. Há algumas semanas defendia o tratamento do tema na Cimeira e o encerramento da central; agora
congratula-se com a ausência do debate sobre a mesma. Mas que hipocrisia é esta? Não podemos pactuar com
esta incoerência!