2 DE JUNHO DE 2017
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O Sr. Heitor Sousa (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Soares (BE): — De facto, esta situação é gravíssima, porque significa transmitir às empresas
do setor energético que controlam as centrais nucleares a mensagem de que podem fazer o que querem e muito
bem lhes apetece e de que podem prolongar ad aeternum a vida das centrais nucleares.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe para concluir.
O Sr. Pedro Soares (BE): — Vou terminar já, Sr. Presidente.
E esta situação representa, de facto, um risco enorme para Portugal, para as populações, para o ambiente
e também para a confiança na relação entre os nossos Estados.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira, do Grupo Parlamentar do PCP, para uma
intervenção.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estão hoje em discussão três votos
apresentados a propósito da Cimeira Luso-Espanhola, que se realizou no fim de semana passado, e, no
essencial, estes três votos tratam de três questões — da Cimeira, das conclusões da própria Cimeira e da
matéria de Almaraz.
Queria dizer, relativamente ao voto apresentado pelo Partido Socialista, que não podemos acompanhá-lo,
porque faz referência às conclusões que resultam daquela Cimeira em termos que não podem ser
acompanhados pelo PCP. E as conclusões da Cimeira realizada no passado fim de semana enquadram
questões que são essenciais para o relacionamento entre os dois Estados e os dois povos de uma forma que
não podemos acompanhar.
Não podemos acompanhar, de forma nenhuma, o tratamento que é dado às questões da energia,
enquadradas no mercado ibérico da energia elétrica, no mercado ibérico do gás ou no mercado europeu da
energia, porque essa é a forma errada de tratar uma questão central para o desenvolvimento do nosso País e
de dar resposta às necessidades do povo português.
O mesmo acontece em relação às questões da defesa, enquadradas na NATO (Organização do Tratado do
Atlântico Norte) ou nos pilares da União Europeia, e a algumas questões relacionadas com os transportes,
enquadradas, por exemplo, no Céu Único Europeu ou noutros pilares da construção da União Europeia.
Essa é uma forma errada de enquadrar relações entre dois Estados e dois povos que têm de ser definidas
numa base de cooperação, de relacionamento bilateral com o objetivo de obtenção de mútuo benefício, e de
respeito pela soberania de cada um dos Estados. Parece-nos que o enquadramento que foi dado nesta Cimeira,
no plano da União Europeia, do aprofundamento das linhas da construção da União Europeia, é uma opção
errada e prejudicial aos dois povos e aos dois países.
Sobre as questões de Almaraz, Sr.as e Srs. Deputados, queria dizer o seguinte: já não estamos hoje a discutir
a posição de cada partido ou de cada grupo parlamentar sobre Almaraz, estamos, sim, a discutir o tratamento
que lhe foi dado naquela Cimeira.
E, sobre essa matéria, queria dizer que o problema não é apenas da Cimeira Luso-Espanhola. O próprio
Fórum Parlamentar Luso-Espanhol traduziu as dificuldades no tratamento desta questão, porque nem nesse
âmbito foi possível enquadrar nas conclusões o tratamento adequado das questões de Almaraz, no sentido de
assegurar aos portugueses e ao Estado português o seu necessário tratamento por parte das autoridades
espanholas, de modo a assegurar as garantias de encerramento daquela central.
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr. Deputado. Peço-lhe para concluir.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.