23 DE JUNHO DE 2017
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Mas continuamos confrontados com os mesmos problemas. A Sr.ª Ministra fez aqui referência ao RASI e
consta, de facto, do anexo que integra a proposta de lei essa referência ao Relatório Anual de Segurança Interna
como um elemento-base para que o Governo aponte os critérios das prioridades em matéria de política criminal,
mas nós perguntamos, Sr.ª Ministra: há alguma avaliação já feita pelo Governo relativamente à lei anterior, à
forma como definiu as prioridades, à forma como foram definidas as opções pela anterior lei de prioridades da
investigação criminal? É que nós encontramos nesta lei a repetição de muitos dos critérios e das opções que
foram seguidos na anterior lei, apresentada em 2015, e alguns deles motivo de crítica.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Para terminar, Sr. Presidente, e não abusar da sua tolerância, vou apenas dar
um exemplo à Sr.ª Ministra: a prioridade deixa de ser prioridade quando houver risco de prescrição, que é um
problema das anteriores propostas e também desta, no n.º 3 do artigo 4.º.
Quanto ao envolvimento do DCIAP e dos DIAP distritais na monitorização, que já aqui foi referido e a que a
Sr.ª Ministra já deu resposta, esperamos que ele possa ainda ser ultrapassado.
Relativamente à definição do terrorismo como prioridade, já vinha da anterior lei, já foi motivo de crítica e
mantém-se.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem mesmo de concluir.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Concluo, Sr. Presidente, com esta referência: há um problema que persiste
no artigo 15.º, com as equipas especiais, que, sendo constituídas pela Procuradoria-Geral da República e
mantendo-se na dependência funcional do Ministério Público, mantêm também a dependência hierárquica dos
respetivos membros.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Ministra, nós consideramos que estes problemas não estão em condições
de ser resolvidos enquanto continuarmos a discutir uma lei…
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — … que é, de facto, uma lei de prioridades, sem poder definir efetivamente
prioridades, para não pôr em causa a autonomia do Ministério Público, que é, de facto,…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado João Oliveira, tem mesmo de terminar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — … um valor que julgamos que não pode, de forma nenhuma, ser beliscado.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: De uma forma
breve, quero dizer que esta lei não é, seguramente, a resolução de toda a lógica e de toda a estratégia da política
criminal. E, obviamente, é possível e até aceitável a crítica de que uma lei destas tem sempre tanta abrangência,
seja na prevenção, seja na investigação, que permite o contra-argumento de, estando tanta coisa, no fundo, não
sabermos exatamente o que é prioritário. É uma crítica normal, aceitável e razoável.
Por outro lado, Sr.ª Ministra, gostaria de lhe dizer que, do nosso ponto de vista, sendo oposição, nestas
matérias e em matérias de política de Estado, procuramos sempre ser oposição responsável e rigorosa. Nós
não vamos dizer que está tudo mal, quando esta lei não tem uma mudança substancial em relação àquilo que
foi feito por outros governos, anteriormente, designadamente aqueles que tinham maioria apoiada pelo CDS.