I SÉRIE — NÚMERO 39
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é fundamental que percebamos que nestes incêndios rurais houve causas, houve razões, e essas é que importa
atacar.
Por isso, gostaria de perguntar ao Sr. Deputado se estão perspetivadas medidas concretas relativamente
àquilo que, do nosso ponto de vista, é fundamental, nomeadamente em relação ao ataque às causas estruturais
deste tipo de problemas, à criação e regulamentação das unidades de gestão florestal, à definição dos benefícios
fiscais e dos apoios do Estado à criação de novas formas de organização do minifúndio florestal, à limpeza das
florestas, à definição da construção da rede primária. Que medidas concretas, nomeadamente de entre as que
estão no debate político e na agenda, pensa o Partido Socialista levar a cabo?
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Soares (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Em relação à descentralização, falou de consensos e disse esperar consensos na Assembleia da República,
mas devo dizer, Sr. Deputado, que, relativamente a esta matéria, temos ainda uma grande distância até
chegarmos a esses consensos.
Não está definido o que pensa o Partido Socialista quanto ao processo de regionalização e no que diz respeito
ao assegurar a universalidade dos direitos do Estado social no processo de descentralização, nomeadamente
na educação e na saúde, como também não está definido o que pensa relativamente à proposta de lei das
finanças locais, às alterações fundamentais, para que possamos pronunciar-nos sobre o processo de
descentralização, e finalmente, sobre medidas para que se consiga, efetivamente, mais autonomia financeira
para as freguesias, de modo a que possam, elas próprias, adquirir e assumir maiores competências num
processo de descentralização.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Paula Santos, do PCP.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Coimbra, gostaria
também de cumprimentar o Partido Socialista pela realização das suas Jornadas Parlamentares e de referir dois
aspetos que focou na intervenção.
O primeiro diz respeito à situação dos incêndios que devastaram o nosso País no ano 2017 e aos necessários
apoios aos atingidos e às vítimas destes mesmos incêndios, bem como à necessidade de reconstruir e garantir
a recuperação do potencial produtivo destas regiões.
Mas o que constatamos é que, de facto, a realidade é um pouco mais difícil do que a que o Sr. Deputado
aqui trouxe, porque se verifica um tratamento desigual. No terreno, há agricultores que fizeram investimentos e
receberam apoios e há quem não saiba exatamente a que se destinam esses mesmos apoios.
Queria referir uma questão muito concreta. O Grupo Parlamentar do PCP trouxe à Assembleia da República
um projeto de lei, que foi votado e é hoje uma lei, para apoio às vítimas dos incêndios que deflagraram em junho
do ano passado. Propusemos que essa lei fosse alargada a todos os concelhos do nosso País que sofreram
com os incêndios no ano passado. Esta proposta do Partido Comunista Português não foi aprovada, mas
consideramos que ela é fundamental e que daria a resposta que hoje não está a ser garantida aos cidadãos.
Por isso, apelo mais uma vez à necessidade de um tratamento igual para as situações dos incêndios.
O segundo aspeto é sobre a descentralização.
Em primeiro lugar, se queremos descentralizar, se queremos proximidade, uma primeira proposta que aqui
deixo, e que temos vindo a colocar há muito tempo, é que se reponham as freguesias que foram extintas pelo
anterior Governo, uma proposta que já trouxemos a votação à Assembleia da República e que o Partido
Socialista também rejeitou. O que se propõe é que se reponham as freguesias onde seja essa a vontade das
populações. Inclusivamente, na situação dos incêndios, vimos a importância da proximidade dos eleitos das
freguesias no apoio às populações.