I SÉRIE — NÚMERO 79
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caducidade da contratação coletiva, pelo direito à articulação entre a vida familiar e a vida profissional, porque
sabem que foi com a sua luta que conquistaram direitos.
O Sr. João Dias (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O Sr. Deputado veio falar do diálogo social, mas diálogo social é o que o patronato
não quer, diálogo é o que o patronato recusa todos os dias, obrigando os trabalhadores a irem para a greve e a
perderem dias de salário para terem aumentos salariais. Os trabalhadores do Lidl, do Minipreço, da Panrico
estiveram e estão em greve, Sr. Deputado, porque querem diálogo, porque querem negociar aumentos salariais,
mas o patronato não quer garantir isso. Por isso mesmo, o que os trabalhadores sabem é que o 1.º de Maio é e
continuará a ser um dia dos trabalhadores, um dia de luta pelos seus direitos.
O que se impõe perguntar, Sr. Deputado, é o seguinte: o PSD veio falar do 1.º de Maio porque teve um rebate
de consciência por ter aumentado o horário de trabalho na Administração Pública, que desde 1998 estava nas
35 horas? O PSD veio falar do 1.º de Maio porque teve um rebate de consciência por ter generalizado a
precariedade e por ter cortado salários e pensões? Ou o PSD veio falar do 1.º de Maio para «atirar areia para
os olhos dos trabalhadores»? É que os trabalhadores sabem de que lado está o PSD.
O Sr. Deputado falou de uma dicotomia histórica entre o trabalho e o capital. O PSD optou sempre pelo
mesmo lado, pelo lado do capital, ao passo que o PCP está, como está sempre, porque é da natureza deste
partido, ao lado dos trabalhadores, dos direitos dos trabalhadores e do desenvolvimento do País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Roque, do Grupo Parlamentar do
PSD.
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Sr. Presidente, começo por agradecer também aos Srs. Deputados António
Carlos Monteiro e Rita Rato as questões colocadas.
De facto, concordo, desde logo, com a primeira afirmação do Sr. Deputado António Carlos Monteiro: não há
partidos donos do 1.º de Maio, como não há partidos donos da liberdade sindical,…
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Há quem seja contra!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — … e, portanto, os sindicatos são, por definição, independentes dos partidos
políticos.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — O Sr. Deputado perguntou-me se não considero grave a questão da
concertação social. Pois, evidentemente, penso que a concertação social deve estar no cerne das preocupações
de todos, e também do Partido Socialista, enquanto um esteio do regime democrático em Portugal. Portanto,
tudo aquilo que vá contra a concertação social, na qual o Governo também está representado, sendo um dos
vértices desse triângulo, não abona em favor de quem a desrespeita.
Sr.ª Deputada Rita Rato, de facto, a diferença entre a sua intervenção — foi um pedido de esclarecimento,
mas não deixou de ser uma intervenção — e a minha é precisamente a de que, reconhecendo nós, PSD, que
existe uma dicotomia, apontamos para um interesse comum para a conciliação. Aquilo que eu disse foi
precisamente que não há empresas sem trabalhadores nem trabalhadores sem empresas. Mas para VV. Ex.as
parece que há trabalhadores de um lado e empresas do outro, aparentando muitas vezes que, se a empresa
não tiver sucesso, nada acontecerá aos trabalhadores, quando estes são os primeiros a sofrer com isso.
Por isso, é importante que haja o tal diálogo, o diálogo que está estabelecido na Comissão Permanente de
Concertação Social (CPCS), à qual a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses) aderiu tarde
e na qual a CGTP «faz figura de corpo presente», não negociando e, sobretudo, não acordando nada, dessa
forma não beneficiando, obviamente, os trabalhadores.