3 DE MAIO DE 2018
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O episódio que conta — referi-me a ele tanto no caso da tarifa social como no caso da CESE (contribuição
extraordinária sobre o sector energético) — demonstra bem o que é a facilidade e a proximidade que existiu em
muitos momentos das últimas décadas entre governos PSD/CDS — no caso, com este decreto de última hora
na antevéspera das eleições — e os poderes instituídos e as grandes companhias de eletricidade.
Sr. Deputado Hélder Amaral, a propósito da questão que suscitou sobre como é que se faz a transição para
as renováveis, diria que como não se faz é indo ao arrepio do que são até as orientações europeias em matéria
de subsidiação das energias renováveis. O seu Governo, o Governo que o CDS apoiou, foi quem decidiu a
extensão dos subsídios às produtoras de renováveis — e 100% dos produtores aceitaram e aderiram, com
certeza, o negócio era bom! — a troco de uma contribuição voluntária.
São 20 milhões por ano, ao longo de sete anos, até 2020, o que somará 140 milhões de euros, na melhor
das hipóteses, que estes produtores vão ter, ao arrepio de tudo o que acontece na Europa e no mundo, de tarifa
garantida durante sete anos.
Os cálculos, por alto, a manterem-se as linhas do que é o preço da energia atualmente, dão 800 milhões de
custos adicionais para os consumidores de energia na fatura, graças a essa extensão dos subsídios às energias
renováveis. Esses subsídios eram necessários no início e nunca ninguém pôs isso em causa. A introdução
dessas tecnologias impunha esses apoios públicos, mas hoje são apenas uma renda excessiva, são apenas um
abuso sobre os consumidores.
Sr. Deputado Hélder Amaral, digo-lhe o que disse ao Sr. Deputado do PSD: não fujam para a questão fiscal,
estava no vosso programa acabar com a CESE, estava no vosso programa libertar as companhias elétricas do
contributo extraordinário para abater ao défice tarifário.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira terminar.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Portanto, Sr. Deputado, para terminar, em relação à questão dos
contadores inteligentes, é o que está previsto no Orçamento do Estado, isto é, deveriam ser as empresas a
pagar. Foi isso que o Bloco de Esquerda votou e se isso não está a acontecer é matéria para fiscalização da
Assembleia da República, e o Bloco de Esquerda está, como esteve em todos os temas, vigilante e interveniente
sobre esses assuntos.
Aplausos do BE.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado
Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Tivemos hoje a confirmação e
tomámos conhecimento através da comunicação social que o Governo recebeu, em novembro do ano passado,
o relatório da auditoria interna da Autoridade Nacional de Proteção Civil, pedido pela ex-Ministra Constança
Urbano de Sousa e entregue em novembro ao atual Ministro Eduardo Cabrita.
Desde logo, e de acordo com aquilo que a imprensa, em particular o jornal Público, divulga hoje, o referido
relatório contém factos que são da maior gravidade. De acordo com as notícias que vêm a público, o que esse
relatório diz é que em relação a Pedrógão Grande foram destruídas — repito, destruídas — provas fundamentais
de um acontecimento trágico que vitimou 67 dos nossos concidadãos.
Foram destruídas provas digitais, destruídas provas em papel, ocultado o caos, a desorganização e a falta
de meios que foi a tragédia de Pedrógão Grande. Desapareceram os planos de ação, desapareceram os
quadros de situação tática e foram destruídos documentos em papel.
Aqui e perante isto, independentemente do conteúdo do relatório que este Parlamento só conhece através
da comunicação social, há uma primeira questão óbvia e evidente: por que razão o atual Governo e o atual
Ministro da Administração Interna esconderam e ocultaram ao País um relatório tão importante como este?
Porquê?!