3 DE MAIO DE 2018
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O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Para isso não contam com o PSD.
Por isso, esperamos sinceramente que toda esta ação do Bloco de Esquerda, um bocado a reboque dos
acontecimentos mediáticos e da iniciativa do PSD, não seja apenas e só para ajudar a confundir e a disfarçar.
Em bom rigor, quando falamos das rendas excessivas e de borlas dadas às grandes empresas energéticas,
há uma outra data que o senhor também omitiu: 2016, em que, com o vosso voto, com o voto de toda a esquerda,
foi dada uma borla fiscal, que a EDP contabilizou no seu balanço, de 170 milhões de euros,…
O Sr. Adão Silva (PSD): — De 170 milhões de euros!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — … como largamente denunciámos aqui.
Aplausos do PSD.
E não foi com o nosso voto, Sr. Deputado.
Por isso, não sei se, também no âmbito da energia, o Bloco de Esquerda está finalmente disponível para se
juntar a nós e combater um imposto altamente injusto, que também é de energia, que é o ISP (imposto sobre
produtos petrolíferos e energéticos), que penaliza os cidadãos e as pequenas e médias empresas portuguesas.
Se é, de facto, para ajudar, para contribuir para uma solução diferente e definitiva, meu Caro, cá estamos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem agora a palavra o Sr. Deputado
João Oliveira, do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jorge Costa, queria, naturalmente, saudá-lo pela
declaração política que fez.
As questões que aqui traz, nomeadamente a partir das informações que foram recentemente divulgadas em
torno de processos que têm a ver com exemplos sucessivos de subordinação de governos PS, PSD ou CDS ao
poder económico, são, de facto, elementos de preocupação, porque são elementos, circunstâncias e situações
que corroem o regime democrático e que, naturalmente, devem ser denunciados e combatidos, como, de resto,
o PCP sempre tem feito.
Estas situações são preocupantes não apenas nas circunstâncias em que envolvem a rotatividade entre
membros do governo e conselhos de administração de grandes grupos económicos, entre quem decide no
âmbito do poder político e quem beneficia do ponto de vista do poder económico, mas são também preocupantes
naquilo que revelam, por exemplo, com os escandalosos contratos das parcerias público-privadas (PPP), com
as privatizações de empresas públicas, com muitas situações que se confirmam como exemplos dessa
subordinação de sucessivos governos ao poder económico e da forma como ela se concretiza.
Estas situações são — de resto, temo-lo dito — indissociáveis da recuperação do poder monopolista, das
imposições externas, nomeadamente das imposição que a União Europeia faz, por exemplo, com as limitações
à participação do Estado em setores estratégicos, que conduzem às privatizações e aos próprios processos de
privatizações que geram todo esse enquadramento de tráfico de influências, de situações de corrupção que
corroem o regime democrático.
A questão que queria colocar, Sr. Deputado Jorge Costa, é a de saber se é apenas no setor energético e se
é apenas a propósito das questões relacionadas com as rendas da energia que o Bloco de Esquerda entende
que existe este problema, se, na perspetiva do Bloco de Esquerda, estas preocupações se limitam apenas ao
setor energético, às privatizações no âmbito do setor energético e às rendas das energias, ou se elas têm
também a ver com as situações, por exemplo, das PPP rodoviárias, da Lusoponte, da Ponte 25 de Abril, das
concessões no âmbito rodoviário, da privatização da Portugal Telecom e dos CTT, dos sucessivos escândalos
da banca, a começar pelo escândalo do BES/GES, mas também com o BPP, o BCP, o Banif, e tantas outras
situações.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira terminar.