3 DE MAIO DE 2018
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Consideramos, ainda, que o Governo e o Parlamento têm a responsabilidade de exigir ter acesso à
informação integral e com toda a transparência, não só na perspetiva do necessário apuramento daquilo que
aconteceu e do necessário apuramento das responsabilidades, mas também numa perspetiva de aprendizagem
e de permitir que se tomem as medidas necessárias para uma efetiva prevenção e para o combate eficaz aos
incêndios.
Mas a falta de meios, a falta de equipamentos, a falta de recursos humanos, a falta de elementos na proteção
civil, os problemas com que a proteção civil se debate, a degradação dos meios, os equipamentos obsoletos, o
problema dos meios aéreos, tudo isto é conhecido e foi referido na intervenção do Sr. Deputado Telmo Correia…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Tudo isto é amplamente conhecido por todos e por todas nós e tudo isto foi amplamente discutido, mas
também é conhecido de todos e todas nós que tudo isto é o resultado de anos de desinvestimento a que o CDS
e o PSD não são alheios e também não podem escusar essa responsabilidade.
Portanto, este é um ponto que é necessário referir e é também necessário que o CDS e o PSD assumam
essa responsabilidade de desinvestimento na proteção civil.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder a estes dois pedidos de esclarecimento, tem a
palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, em primeiro lugar, em relação à pergunta colocada pelo
Sr. Deputado Carlos Peixoto, quero dizer que estamos de acordo. Aliás, não podíamos estar mais de acordo, o
PSD entregou esse pedido e nós também entregámos, portanto, teremos a mesma posição sobre a necessidade
de esse documento ser facultado, e com urgência, ao Parlamento.
É também bem observado da sua parte, Sr. Deputado Carlos Peixoto, que, de facto, que não cabe ao
Governo estabelecer o segredo de justiça nem definir o que é que está ou não está em segredo de justiça; aquilo
que aparenta neste caso ser é, obviamente, uma desculpa esfarrapada para o facto de o Governo ter guardado
na gaveta ou ter ocultado do País este relatório durante seis meses.
Todavia, há outras questões que também é importante saber, porque pode haver matéria criminal e, vamos
lá ver, estamos a falar de factos com gravidade, nomeadamente: destruição de provas evidentes das falhas que
aconteceram em Pedrógão Grande e que levaram à morte de 67 pessoas: fitas do tempo apagadas; documentos
em papel destruídos; documentos e registos que estavam nas viaturas apagados.
Estamos, pois, a falar de factos com esta gravidade e essa pode ser matéria criminal, mas além disso há a
questão disciplinar e há muitas outras questões que, obviamente, cabe ao Parlamento saber, fiscalizar e
acompanhar, e nisso estamos de acordo.
No entanto, os Srs. Deputados, e eu compreendo, centraram-se muito na primeira parte da minha
intervenção, mas permitam-me que lhes chame a atenção para a segunda parte, porque, de facto — e isto vai
muito ao encontro do que dizia agora a Sr.ª Deputada Sandra Cunha —, se, por um lado, o Governo, em relação
ao passado, parece querer ocultar, já em relação ao presente faz grandes declarações de peito feito, faz grandes
declarações em grandes eventos, com organização, grandes anúncios, por assim dizer, mas, depois, o que está
feito parece ser, mais uma vez, muito pouco e muito pouco capaz.
Dos meios aéreos, nada! Faltam 28! Este anúncio de requisição civil, agora, parece uma coisa sem grande
nexo nem grande conteúdo. A questão dos Kamov é, no mínimo, estranha. Então, o Ministro António Costa, na
altura, comprou seis Kamov, eles não funcionam, não andam e, agora, vão fazer o quê?! Comprar mais três?
Fazer um contrato para a aquisição de mais três? Com concurso? Sem concurso internacional? Por ajuste
direito? O que é isto?! Onde é que estamos?
Tudo isto tem de ser esclarecido, tudo isto tem de ser visto, obviamente, Sr.ª Deputada, para fazer aquilo
que diz que é acautelar o futuro, porque se é verdade que o investimento não foi o necessário também é verdade
que no ano passado esse investimento estava abaixo do que tinha sido em anos anteriores…