3 DE MAIO DE 2018
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O Governo PS não pode continuar a adiar a revogação das normas mais gravosas
do Código do Trabalho.
Em cada momento que o PS se alia ao PSD e ao CDS para manter intocável a legislação laboral são os
trabalhadores e o País que perdem.
Foi assim recentemente, com a manutenção do corte dos dias de férias e dos bancos de horas; com a não
reposição do valor do pagamento do trabalho suplementar; com a manutenção da caducidade da contratação
coletiva e da não reposição do tratamento mais favorável ao trabalhador.
Mas não há dúvidas absolutamente nenhumas: a opção pelo corte de salários e pensões e a retirada de
direitos significou sempre empobrecimento, mas também recessão e desemprego; a defesa, reposição e
conquista de direitos é indispensável para a vida dos trabalhadores, mas significou sempre crescimento
económico e criação de emprego.
Sr. Presidente e Sr. Deputados, ontem por todo o País, no interior, como desde há várias décadas, e no litoral
e em mais de 40 localidades, muitos milhares de trabalhadores responderam ao apelo da CGTP-IN e exigiram:
o aumento geral dos salários, no setor privado, no setor empresarial do Estado e na Administração Pública; o
aumento do salário mínimo nacional para 650 € em janeiro de 2019; a defesa da contratação coletiva; o fim da
sua caducidade e a reposição do tratamento mais favorável; as 35 horas de trabalho para todos, no público e
privado, e a revogação dos bancos de horas e outros mecanismos de desregulação dos horários de trabalho; o
fim da precariedade pelo emprego com direitos, para que a um posto de trabalho permanente corresponda
sempre um vínculo efetivo, nos serviços públicos e no setor privado; o reforço e a contratação de profissionais
na saúde, no ensino, na segurança social, na justiça e na cultura; a valorização das longas carreiras
contributivas, sem penalizações, após 40 anos de descontos.
No próximo dia 18 deste mês, o PCP trará à discussão uma proposta sobre as 35 horas de trabalho para
todos os trabalhadores e a eliminação dos mecanismos de desregulação dos horários.
Bater-nos-emos pela fixação do salário mínimo nacional em 650 € em janeiro de 2019.
Aplausos do PCP.
Os direitos dos trabalhadores nunca foram oferecidos por governo nenhum; os direitos dos trabalhadores
foram sempre, mas sempre, conquistados com a sua corajosa luta.
Mas será revelador das opções do Governo PS ignorar a justeza da luta dos trabalhadores, mantendo com
o PSD e o CDS as normas gravosas da legislação laboral.
Da parte do PCP não temos dúvidas, sabemos de que lado estamos: estamos do lado dos trabalhadores,
dos seus direitos e do desenvolvimento do País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados para pedir
esclarecimento.
Como pretende responder, Sr.ª Deputada?
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Dois a dois, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito bem, Sr.ª Deputada.
Tem, então, a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, queria saudá-la pela sua
intervenção, saudar os trabalhadores que ontem saíram à rua em luta pelos seus direitos e reconhecer que
temos um problema: a lógica de acumulação do capitalismo faz com que as inovações e os ganhos das
inovações tecnológicas se traduzam numa apropriação privada dos ganhos que são produzidos e não na
socialização por via, nomeadamente, de melhores condições de trabalho e da redução geral do horário de
trabalho.