I SÉRIE — NÚMERO 79
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O 1.º de Maio é um dia de luta, Sr. Deputado Luís Soares. É um dia de luta e o que não deixa de ser
profundamente revelador é que no século XXI os trabalhadores ainda lutem por direitos tão fundamentais como
o direito à contratação coletiva e o direito à estabilidade e ao emprego com direitos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Isso é que não deixa de ser profundamente revelador, porque alguns destes
direitos os trabalhadores portugueses conquistaram-nos, inclusivamente, ainda durante o fascismo.
Portanto, hoje, em 2018, em pleno regime democrático os trabalhadores estarem a lutar por um direito tão
essencial como a contratação coletiva, as 8 horas de trabalho e a estabilidade no emprego é bem revelador da
natureza do capitalismo, da crise do capitalismo e quem tem pago essa crise têm sido, efetivamente, os
trabalhadores pelas suas condições de vida.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Relativamente à questão, que colocou, sobre se valeu a pena derrotar um
Governo, fui eu mesmo que disse, da tribuna, que foi a luta dos trabalhadores, a importância da luta corajosa
dos trabalhadores que derrotou um Governo do PSD e do CDS e que permitiu uma outra correlação de forças
na Assembleia da República, a qual foi determinante para garantir a reposição das 35 horas na Administração
Pública. Mas muito há por fazer.
O que hoje os trabalhadores portugueses se perguntam é se valerá a pena desperdiçar esta oportunidade
histórica de ter na Assembleia da República condições de revogar as normas mais gravosas da legislação laboral
e não as aproveitar.
O que os trabalhadores portugueses, ontem, por muitas ruas deste País, perguntaram foi onde é que está a
política de esquerda que o Governo do PS diz que quer praticar, mas que insiste em aliar-se ao PSD e ao CDS
para manter intocável a legislação laboral.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Vale sempre a pena lutar e os trabalhadores deste País sabem isso. Vale sempre
a pena lutar, porque nunca foi nenhum Governo que ofereceu direitos aos trabalhadores, foi sempre a sua luta,
a sua unidade, a sua determinação.
O que os trabalhadores portugueses vão perceber é de que lado é que o PS quer estar. O PS quer estar com
o PSD e o CDS e manter a caducidade da contratação coletiva, manter 60 horas de trabalho semanal, 12 horas
de trabalho diário, não garantir o pagamento do trabalho suplementar, manter matérias relativas à violação de
direitos de maternidade ou de paternidade, ou quer estar com o PCP na luta por medidas de progresso e de
justiça social?
Os trabalhadores têm de saber se valerá a pena apoiar o PS ou se valerá a pena apoiar o PCP e dar mais
força ao PCP, porque, de facto, só com uma política patriótica e de esquerda que coloque como primeiro objetivo
a valorização do trabalho e dos trabalhadores é possível inverter este caminho.
Não basta apenas derrotar um Governo do PSD e do CDS, é necessário revogar as normas mais gravosas.
Não se pode manter intocável a legislação laboral — porque o PSD, o CDS e o patronato aplaudem e, na
concertação social, as confederações patronais também aplaudem.
O que não é aceitável é que, passados três anos sobre a alteração da correlação de forças na Assembleia
da República, existam matérias, designadamente quanto ao combate à precariedade, quanto à defesa da
contratação coletiva e quanto à reposição do princípio do tratamento mais favorável, que tardam. E tardam,
porque o PS optou sempre por se aliar ao PSD, ao CDS e ao patronato.
Por isso, da parte do PCP, porque sabemos de que lado estamos e de que lado queremos estar porque só
há desenvolvimento do País com direitos dos trabalhadores,…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.