I SÉRIE — NÚMERO 79
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar de «Os
Verdes», tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As primeiras palavras são
para saudar, em nome de Os Verdes, os milhares e milhares de cidadãos que subscreveram a petição que agora
estamos a discutir.
Trata-se de um assunto que reveste para nós a maior importância, o que, aliás, é facilmente visível no
envolvimento e no esforço que Os Verdes desenvolveram para colocar um travão à expansão da área de
plantação de eucalipto no nosso País.
Recorde-se que Os Verdes incluíram, na Posição Conjunta que estabeleceram com o PS, a necessidade de
travar a expansão da área do eucalipto e promover o aumento das áreas das espécies autóctones,
designadamente do montado de sobro e de azinho ou de pinheiro bravo.
De facto, tal como referem os peticionantes, o anterior Governo, através do Decreto-Lei n.º 96/2013, não só
impôs um regime de arborização que liberalizou literalmente a plantação em monocultura de eucalipto, como
também dificultou a florestação com espécies autóctones, como o sobreiro, o carvalho, o castanheiro ou outras.
E, para além de todos os aspetos negativos que a monocultura do eucalipto potencia, sobretudo quando
falamos da dimensão dos incêndios florestais, é ainda necessário ter presente tudo o resto que está associado
à liberalização do eucalipto, nomeadamente a destruição dos recursos hídricos e a erosão externa dos solos ou
a destruição da biodiversidade, tanto ao nível da flora como da fauna.
Por isso mesmo, já há muito que Os Verdes defendem a necessidade de romper, de vez, com políticas que
assentam numa visão meramente economicista, de curto prazo, e beneficiam exclusivamente alguns setores
económicos restritos, onde, naturalmente, prevalecem as celuloses.
Foi, aliás, na base destes pressupostos que, no novo quadro parlamentar, Os Verdes se empenharam em
colocar na agenda política o imperativo de travar a expansão do eucalipto, promovida pelo Governo PSD/CDS.
Sabíamos que não era um combate fácil, que havia muitos obstáculos pela frente, uns visíveis, outros nem
tanto, mas, ainda assim, Os Verdes não deixaram de se empenhar e colaborar na procura de respostas e de
soluções legislativas que visassem travar a eucaliptização desenfreada do País e promovessem uma floresta
resistente aos incêndios e diversificada, sustentada nas espécies autóctones e economicamente rentável.
Assim, e através de Os Verdes, o RJAAR (regime jurídico aplicável às ações de arborização e rearborização)
sofreu uma profunda revisão que, apesar de não ir tão longe como pretendíamos, representa, contudo, um passo
importante no travão à liberalização do eucalipto, que, recorde-se, foi promovida pelo anterior Governo do PSD
e do CDS.
Mas mais: num País que precisa imperativamente de uma estratégia nacional para a política floresta, que
assuma como ponto de partida que a floresta é fundamental à vida, que cumpre diversas funções e que deve
ser gerida de forma sustentável, Os Verdes apresentaram ainda, em sede de discussão do Orçamento do Estado
para 2018, uma proposta, que, de resto, foi aprovada, para antecipar a entrada em vigor desse novo regime.
Portanto, face ao que fica dito, torna-se até dispensável dizer que Os Verdes partilham integralmente as
preocupações e os objetivos dos peticionantes, porque o nosso empenho e envolvimento neste processo falam
por si.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda para uma intervenção, tem, agora, a palavra o Sr.
Deputado Francisco Rocha, do Partido Socialista.
O Sr. Francisco Rocha (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A reflexão sobre o ordenamento do
território e a sua importância para a concretização da política florestal é uma das missões que, de forma
permanente, nos deve interessar e interpelar.
A economia da floresta e a sua implicação multidimensional com as questões do ordenamento devem levar
em consideração os modelos de gestão e a sua escala, o despovoamento rural, a paisagem, a falência do
modelo agro-silvipastoril e também as alterações climáticas.
Saudamos, por isso, na pessoa do primeiro peticionário, Carlos Fragoeiro, os 18 940 cidadãos que interpelam
esta Câmara a refletir e a discutir, uma vez mais, esta matéria tão relevante como é o regime jurídico que regula