3 DE MAIO DE 2018
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Como é que a Sr.ª Deputada, que falou da tribuna única e exclusivamente na luta — nós conhecemos bem!
—, se sente com um Governo, do qual apoia, que nem sequer prevê para o ano de 2018 aumentar o salário dos
funcionários públicos? Como é que se sente?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Olhe, Sr.ª Deputada, talvez pedindo a listagem dos 50 maiores
devedores da Caixa Geral de Depósitos aí encontre para muitos anos aumentos aos funcionários públicos.
Aplausos do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Dos bancos todos. Não é só da Caixa!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder aos dois primeiros pedidos de esclarecimento,
tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados José Soeiro e Maria das Mercês Borges, agradeço
as questões que colocaram.
Sr.ª Deputada Maria das Mercês Borges, os trabalhadores não invocam a luta pela luta. Os trabalhadores do
Lidl estiveram em greve a exigir, desde logo, o respeito exatamente por aquilo que a Sr.ª Deputada disse, ou
seja, pelo direito à formação profissional, que está consagrado na lei e eu esta multinacional alemã nega.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Autoridade para as Condições do Trabalho e Governo!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Os trabalhadores têm direito, em primeiro lugar, a 35 horas de formação
profissional e que o patronato não assegura.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Autoridade para as Condições do Trabalho e Governo!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Portanto, a luta não é pela luta.
Mais de metade dos 6000 trabalhadores do Lidl estão em part-time e, às vezes, nem 300 € levam para casa.
Portanto, estão em luta por melhores salários e por horários de trabalho que permitam conciliar a vida
profissional com a vida familiar.
Isto não é a luta pela luta, é a luta pelo que é primário, que é o direito a ter um horário e a um salário que
permita viver em condições de dignidade.
Aplausos do PCP.
Foi isto que os trabalhadores do Lidl estiveram a exigir.
Sr.ª Deputada, é também importante dizer o seguinte: os avanços científicos e tecnológicos são
inquestionáveis. O problema é que, como bem referiu o Sr. Deputado José Soeiro, os avanços científicos e
tecnológicos, em vez de estarem a servir o desenvolvimento do País e a melhoria das condições de vida, estão
a impor aos trabalhadores mais horário de trabalho e menos salário.
Passados mais de 132 anos do primeiro 1.º de Maio, temos os trabalhadores a lutar pelas 8 horas de trabalho.
Há mais de 100 anos que os trabalhadores lutam por 8 horas para descansar, por 8 horas para trabalhar e por
8 horas de lazer. É uma luta histórica que ainda hoje não está consagrada porque, Sr.ª Deputada, a legislação
laboral do PSD e do CDS, que em muitas matérias o PS acompanhou, permitiu as 60 horas de trabalho
semanais. São 60 horas de trabalho semanais e 12 horas de trabalho diárias, o que torna muito evidente a
necessidade de revogar as normas mais gravosas do Código do Trabalho.
Passados mais de 100 anos do primeiro 1.º de Maio, é mais do que tempo de reduzir o horário de trabalho.
Os avanços científicos e tecnológicos deviam permitir mais qualidade de vida aos trabalhadores e, pelo contrário,