22 DE JUNHO DE 2018
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se revelar incapaz de combater os sinais de cartelização na formação dos preços no mercado dos combustíveis
e, destarte, pondo em causa a eficácia das políticas de mobilidade sustentáveis para o futuro.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado Heitor de Sousa, inscreveram-se dois Deputados, um
do PSD e outro do PS, para pedirem esclarecimentos. Como deseja responder?
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Em conjunto, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Muito bem.
Tem, então, a palavra, em primeiro lugar, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Sara Madruga da
Costa.
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais,
Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Heitor de Sousa, só há uma explicação para a súbita alteração de posição
do Bloco de Esquerda em relação ao imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP): hipocrisia, cinismo,
oportunismo, numa triste e vã tentativa de iludir o povo e os portugueses sobre este brutal aumento de impostos.
Sr.as e Srs. Deputados, o Bloco de Esquerda sentiu necessidade de vir agora de mansinho fingir ser opositor
ao Governo e propor a eliminação do ISP quando aprovou, com o seu parceiro de Governo, esta solução de
aumento de impostos em 2016, em 2017 e em 2018.
Sr.as e Srs. Deputados, o BE já teve outras oportunidades, aqui, nesta Casa, de contribuir para a eliminação
deste imposto, mas optou sempre por apoiar o Governo e chumbar a sua eliminação.
Sr.as e Srs. Deputados, ainda há duas semanas, o Bloco de Esquerda defendia a discussão desta matéria no
Orçamento do Estado; agora, pelos vistos, mudou de opinião. E os portugueses perguntam: por que motivo
mudou o Bloco de Esquerda de opinião? Qual a razão para a aparente alteração de posição do Bloco de
Esquerda? Por que motivo o Bloco de Esquerda decidiu hoje ser oposição ao Governo quando ainda ontem foi
parceiro? Aliás, ainda ontem, a Sr.ª Deputada Catarina Martins esteve reunida com o Governo naquela que foi
a primeira reunião de negociação do próximo Orçamento do Estado.
Sr.as e Srs. Deputados, será que a eliminação deste imposto injusto será discutida apenas hoje, aqui, numa
mera encenação teatral a que já nos habituou o Bloco de Esquerda? Ou será que também constou do caderno
reivindicativo apresentado ontem pela Sr.ª Deputada Catarina Martins ao Governo? Sim ou não?
Sr.as e Srs. Deputados, o Bloco de Esquerda votará favoravelmente o diploma do PSD e todas as propostas
que pretendem a eliminação do ISP? Sim ou não?
E, já agora, Sr.as e Srs. Deputados, convém também perceber até que ponto é que vai a contradição ou a
falta de contradição das posições do Bloco de Esquerda e perguntar: como é que o Bloco de Esquerda, na
Madeira, vai votar a proposta de orçamento retificativo que foi apresentada pelo Governo regional, que prevê
uma nova diminuição da taxa de combustíveis na Madeira e que prevê também o descongelamento da carreira
dos professores?
É bom também perceber se o Bloco de Esquerda na Madeira — e, já agora, também o PS — vai votar
favoravelmente aquilo que o Governo da República não consegue fazer aqui, a nível continental.
Sr.as e Srs. Deputados, queria ainda dizer que esta permanente contradição e este permanente fingimento é
o conhecido oportunismo político de um partido que, como já aqui dissemos por várias vezes, tem duas caras:
numa hora, é oposição e, noutra hora, é Governo. É o conhecido método do socialismo de dizer sim quando é
não e de dizer não quando é sim.
E, Sr.as e Srs. Deputados, não venham aqui dizer que a culpa, como fazem na exposição de motivos da vossa
iniciativa, é da liberalização, da queda do euro face ao dólar, do acordo entre o Irão e os Estados Unidos… A
culpa do aumento dos impostos é exclusiva do Governo, mas também do Bloco de Esquerda.
Sr.as e Srs. Deputados, mais de metade do preço dos combustíveis resulta das taxas e dos impostos
aprovados pelo Bloco e do caminho escolhido por este Governo. Não foi esse o caminho que o PSD escolheu,
não é este o caminho que o PSD defende e este é mais um dos exemplos de que este Governo não cumpre o
que promete.