30 DE OUTUBRO DE 2018
29
O Sr. Ministro das Finanças: — Sr. Presidente, Sr. Deputado André Silva, como sabe, o Governo, ao longo
da Legislatura, tem implementado um conjunto de medidas não apenas ao nível de taxas, ou de natureza fiscal,
mas de descarbonização da economia, de melhoria da mobilidade, de aposta nos transportes públicos. Estas
medidas contribuem, com certeza, para o objetivo que acabou de enunciar, que não é, de todo em todo, estranho
às prioridades políticas, económicas e orçamentais do Governo.
Em relação à questão que me colocou da taxa de carbono, que, como sabe, tem por base o CELE (Comércio
Europeu de Licenças de Emissão), ela passou de 6,5 €/t para 20 €/t, o que nos parece uma evolução bastante
significativa da penalização do carbono.
Aquilo que temos de encontrar, tal como na área orçamental, é um equilíbrio que permita o desenvolvimento
sustentado, inclusivo, da nossa economia — e este é, também, um desígnio de longo prazo —, mas que vá
sinalizando aqueles que são os incentivos importantes à racionalização do uso do plástico e de tudo o que é
energia fóssil.
Esse é o objetivo do Governo, assim prosseguiremos e é evidente que, tal como referi há pouco ao Sr.
Deputado João Oliveira, estamos abertos e, seguramente, debateremos, a nível da especialidade, as propostas
que o Sr. Deputado apresentar nesta matéria, que, como sabe, é central no Programa do Governo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, vamos entrar na segunda fase dos pedidos de esclarecimento.
Temos, agora, seis pedidos, aos quais o Sr. Ministro das Finanças responderá em conjunto.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado António Leitão Amaro, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Ministros, Sr.as e Srs.
Deputados, Sr. Ministro das Finanças, o senhor trouxe-nos aqui uma cantiga de sucesso e grande
autocontentamento.
Vamos, então, ver esses resultados, vamos ver como é que aproveitaram ou desperdiçaram uma
oportunidade única da conjuntura internacional, da política do BCE, da normalidade recuperada no País e das
reformas que os portugueses fizeram com esforço num passado recente.
Os senhores chamam-lhe sucesso, nós chamamos-lhe uma imperdoável oportunidade perdida, um
desperdício irrepetível, um desperdício imperdoável.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Explique-me, Sr. Ministro das Finanças, como é que pode clamar
sucesso, quando 20 países da Europa crescem mais do que nós, quando, em 2017, temos o segundo pior défice
e a terceira maior dívida da Europa,
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É sucesso, é!…
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — … quando a produtividade cai desde 2015, Sr. Ministro — diz o
Relatório do Orçamento, páginas 50 e 61 —, quando a consolidação orçamental que fazem é de menos de um
terço da Legislatura anterior,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — … quando até os juros da dívida pública a 10 anos são, hoje, mais
altos do que em março de 2015.
Como é que pode clamar sucesso, quando o rendimento disponível das famílias — página 51 do Relatório
do Orçamento —, nesta Legislatura, nunca cresceu tanto como em 2015?!
Como é que reclama sucesso com a carga fiscal no máximo de sempre e o investimento público no mínimo
de sempre?!