30 DE OUTUBRO DE 2018
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uma coisa e que se desdiz exatamente no momento a seguir —, que disse várias vezes que essa taxa era
neutral.
O Sr. FernandoRochaAndrade (PS): — Todo o vosso Governo foi pantomineiro!
O Sr. PedroMotaSoares (CDS-PP): — Onde é que está a neutralidade? Desapareceu! Falharam na vossa
palavra!
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. PedroMotaSoares (CDS-PP): — Sr. Ministro, também nos lembramos que, quando o CDS trouxe à
Assembleia a proposta de eliminação dessa sobretaxa, os senhores disseram, bem como o Partido Comunista
e o Bloco de Esquerda, que admitiam discutir essa matéria no debate do Orçamento do Estado.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Ora bem!
O Sr. PedroMotaSoares (CDS-PP): — A verdade, Sr. Ministro, é que olhamos para o Orçamento e vemos
que, mais uma vez, falhou a sua palavra, uma vez que não há lá nada relativo ao ISP (imposto sobre os produtos
petrolíferos e energéticos).
Gostava de lembrar que hoje um português que vá a uma bomba de gasolina está a pagar mais 0,40 €/l, 25
€ por depósito, se tiver um carro a gasóleo, ou 0,29 €/l, 18 € por depósito, se tiver um carro a gasolina, do que
pagava antes desta sobretaxa que foi criada por VV. Ex.as.
Estamos a falar, Sr. Ministro, de uma diferença, entre 2015 e 2019, de mais 1400 milhões de euros só neste
imposto.
Por isso mesmo, pergunto-lhe: vai ou não vai cumprir a palavra de eliminar esta sobretaxa no Orçamento?
Mais ainda, Sr. Ministro: Como é que consegue criar uma taxa de carbono alterando a fórmula de cálculo,
que, no final do dia, vai ter como consequência a subida do ISP de 0,01 €/l? Explique-me isto, Sr. Ministro,
porque sinceramente gostava de perceber.
Segunda pergunta: para 2019, está prevista uma inflação de 1,3%. A verdade é que o Governo não vai
atualizar as tabelas de IRS nesse sentido, retirando rendimento aos portugueses e aumentando a receita fiscal.
Sr. Ministro, está ou não está disponível para aceitar a proposta do CDS de atualizar as tabelas de IRS ao valor
da inflação?
Terceira pergunta: sobre as horas extra, o CDS já propôs, no Orçamento do Estado do ano passado, a
exclusão da tributação das horas extra que são feitas por parte de muitos trabalhadores em Portugal. O que
acontece, neste momento, é que uma pessoa que trabalhe mais, muitas vezes, recebe mais, mas tem de pagar
muito mais impostos, tornando completamente inútil o seu esforço e o mérito que teve.
Nesse sentido, propusemos a eliminação da tributação das horas extra e os senhores disseram que era
impossível. Já neste Orçamento do Estado retiram do englobamento, o que vai dar no seguinte: uma pessoa
que trabalhe agora vai pagar muito depois e, entretanto, nesse lapso, vai à cabine de voto votar. Está ou não
disponível para retirar a tributação das horas extra?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — A que propósito? Que disparate!
O Sr. PedroMotaSoares (CDS-PP): — Quarta pergunta: continuando a falar de pantominices ou de logros,
já foi aqui dito que a descida do IVA da eletricidade é um logro, que vai ser aplicada a muito poucas pessoas,
tal como é um logro a descida do IVA para a área da cultura, proposta pelo CDS. É porque os senhores reduziram
o IVA para a cultura só em relação aos recintos fixos, não permitindo, por exemplo, que o espetáculo ao ar livre
tenha uma taxa de IVA reduzida. Um logro!