30 DE OUTUBRO DE 2018
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ser concedido crédito ao consumo e crédito à habitação sem que estejamos a acautelar, do ponto de vista
prudencial, aquilo que noutras alturas não se acautelou e gerou os problemas que gerou.
Sr. Ministro, três anos de atraso na reforma da supervisão podem custar ao País aquilo que se podia evitar
que custasse.
Sobre a resolução dos problemas no setor financeiro, esperava não ter de fazer esta pergunta porque,
provavelmente, seria uma pergunta que as bancadas do Bloco de Esquerda ou do PCP fariam.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ui!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Mas o Bloco de Esquerda e o PCP esqueceram-se de que
ainda existe no Orçamento BANIF e BPN. Esqueceram-se! Já não há BANIF nem BPN!
Posso dizer-lhe, Sr. Ministro, que não só há BANIF e BPN neste Orçamento, como o peso das transferências
para os veículos do BANIF e do BPN, tal como, ainda hoje, dizia um órgão de comunicação social especializada,
é superior ao da atualização das carreiras dos funcionários públicos.
Por isso, a pergunta clara que lhe faço é a seguinte: como é que o Ministro das Finanças, que tinha resolvido
todos os problemas do setor financeiro, no último Orçamento da Legislatura transfere para os veículos do BPN,
nacionalizado por um Governo socialista, e para os veículos do BANIF, resolvido e entregue ao Santander por
este Governo socialista, 885 milhões de euros, mais do que aquilo que gasta com as carreiras dos funcionários
públicos?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Rita Rato,
do PCP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro, é de uma profunda demagogia
política ouvir o PSD e o CDS falarem de direitos dos trabalhadores. Isto porque quando puderam garantir direitos
aos trabalhadores não fizeram outra coisa que não fosse cortar salários, cortar pensões, aumentar o horário de
trabalho, destruir carreiras e — pasme-se! — despedir funcionários públicos.
Protestos do CDS-PP.
Tinham uma proposta em cima da mesa. O Sr. Deputado Mota Soares tinha a responsabilidade de despedir
700 pessoas na segurança social e, hoje, chega-se ao desplante, à profunda hipocrisia política de perguntar que
medidas é que este Orçamento tem no que se refere a carreiras.
Srs. Deputados, este Orçamento consagra propostas de valorização de carreiras, porque o PCP muito se
bateu por isso,…
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Ah!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … contra a vontade do PSD e do CDS.
Aplausos do PCP.
É que, Sr. Ministro, o que é hoje determinante é perceber que todos aqueles que queriam, para sempre,
porque o PSD e o CDS queriam para sempre!, cortes nos salários e nas pensões e o aumento do horário de
trabalho para as 40 horas — contra o relógio da história — , não se conformam com um caminho de reposição
de direitos. E usam os direitos dos trabalhadores e os trabalhadores da Administração Pública para fazer
politiquice.
Protestos da Deputada do CDS-PP Ilda Araújo Novo.