30 DE OUTUBRO DE 2018
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Margarida Mano, do PSD.
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo, Caros
Deputados, cumprimento, em particular, o Sr. Ministro Mário Centeno pela oportunidade de o questionar e de
ouvir respostas que, de resto, o Sr. Ministro da Educação — que não está neste momento — não nos poderia
dar, uma vez que quem manda no orçamento da educação é o Sr. Ministro das Finanças.
O Orçamento apresentado por este Governo é mais uma oportunidade perdida. É verdade que existem várias
diferenças entre nós, diferenças ideológicas e de atitude. E a principal diferença de atitude que existe entre nós
é a ambição.
O PSD representa um País com ambição, um País que olha para o futuro e que quer ser melhor num mundo
melhor. Esta ambição não enjeita a importância do deficit zero, mas aspiraria, neste momento, a um superavit
estrutural.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — Esta ambição não aceita que o investimento em educação, relativamente
ao investimento total, seja, neste momento, em 2019, de 2,2%, quando em 2015 era de 4,8%, não aceita que o
orçamento do PO11, da educação, esteja, em 2019, ao mesmo nível de 2011.
As diferenças ideológicas traduzem-se em escolhas que desperdiçam a oportunidade. São escolhas de um
caminho de ilusão, de irresponsabilidade dos partidos que apoiam o Governo. E são escolhas erradas, de
diminuição do investimento público na formação das gerações para o futuro, na utilização de receita excecional
para pagar despesa estrutural, de injustiça territorial para concidadãos de territórios de baixa densidade e de
medidas populistas que criam iniquidade social.
É um Orçamento de medidas «eleiçoeiras», como refere um insuspeito ex-Eurodeputado e ex-Deputado
socialista — não sei se é o conjunto de «eleitorais» e «traiçoeiras», isso não sei!?
Na educação e no ensino superior, são introduzidas medidas que vão beneficiar quem menos precisa à custa
dos que mais precisam,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É a indústria livreira!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — … daqueles que carecem de mais ajuda.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — Veja-se a redução do valor da propina máxima.
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — É uma medida que não facilita a vida aos mais carenciados, que já recebem
bolsa, e que, de forma perversa, ao baixar o limite do rendimento, retira cerca de 1500 bolseiros do sistema.
Justiça social significaria usar esses 50 milhões de euros em ação social, por exemplo, alargando o universo
dos bolseiros e aumentando o complemento do alojamento e em alojamento.
Sr. Ministro, no momento em que mais de 100 000 estudantes do superior estão deslocados, sem alojamento
em residência, é uma vergonha social que este Orçamento não tenha um compromisso nesta matéria.
Outro exemplo é o da atribuição de manuais escolares gratuitos a todos os alunos das escolas públicas,
independentemente de serem ricos, remediados ou pobres. Ser socialmente justo significaria investir esses 100
milhões de euros nas crianças e nos jovens carenciados, em manuais e em material escolar, nas escolas, na
renovação de equipamentos escolares, em computadores, em internet, etc.
Protestos do PS.