I SÉRIE — NÚMERO 18
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Isso nós não admitimos, Sr. Ministro, porque, de facto, os trabalhadores da Administração Pública merecem
respeito e devem ser valorizados nos seus direitos!
Por isso, aqui dizemos de forma muito clara: a valorização dos salários, o aumento geral dos salários para
todos os trabalhadores da Administração Pública, repondo o poder de compra que foi perdido, é de elementar
justiça. Não é possível falar em valorização dos trabalhadores sem garantir valorizações salariais.
Nós não nos esquecemos de uma coisa muito importante e que, de resto, contou sempre com o voto contra
do PSD e do CDS: o aumento do salário mínimo para 650 €. Uma parte muito significativa dos trabalhadores da
Administração Pública, cerca de 200 000, aufere pouco mais do que o salário mínimo.
Por isso, quando o PCP, há semanas, aqui apresentou a proposta de aumento do salário mínimo para 650
€ também para o setor público, como é que PSD e CDS votaram? Contra, Srs. Deputados!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Por isso, a demagogia política tem limites, mas os trabalhadores da Administração
Pública exigem respostas.
Relativamente à contabilização do tempo integral de serviço dos professores e de outras carreiras da
Administração Pública, não é um favor que se faz aos trabalhadores, é um direito que lhes é reconhecido e é de
elementar justiça que assim seja!
O Sr. João Dias (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Ainda uma palavra sobre a precariedade. A tolerância zero à precariedade é um
combate de todos os dias. A cada posto de trabalho permanente deve corresponder um vínculo efetivo. Durante
mais de seis Orçamentos do Estado, o PCP trouxe aqui a proposta para um levantamento, para um diagnóstico
sobre a precariedade. Como é que votaram o PSD, o CDS e também o PS? Contra!
Foi por proposta do PCP que se consagrou o PREVPAP (Programa de Regularização Extraordinária de
Vínculos Precários na Administração Pública).
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E com a ajuda da direita!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Mas o PREVPAP não é o único instrumento para combater a precariedade, o
Governo tem outros instrumentos. O combate à precariedade deve ser diário. Sejam estágios, sejam bolseiros
de investigação, sejam formadores do IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional), sejam falsos recibos
verdes, se respondem a necessidades permanentes, têm de ter um vínculo efetivo. Esse é um compromisso
básico do emprego com direitos: a contratação dos profissionais em falta.
Sr. Ministro, lembramo-nos bem da sangria de funcionários públicos no tempo do Governo do PSD e do CDS.
De facto, as condições de trabalho eram inaceitáveis e, por isso, hoje, os serviços públicos têm uma carência
estrutural de funcionários públicos.
Portanto, queremos garantir a contratação de todos aqueles que fazem falta, contra a vontade daqueles —
pasme-se! — que a toda a hora diziam que tínhamos funcionários públicos a mais, que era demais, que o País
não aguentava tantos privilégios e tantos funcionários públicos e que hoje usam os funcionários públicos, na sua
demagogia primária, para impedir um caminho de avanço e de direitos.
Protestos do CDS-PP.
Por isso mesmo, Sr. Ministro, o que sabemos é que mais e melhores salários geram mais e melhores serviços
públicos e melhores serviços públicos geram melhores condições de vida e de desenvolvimento do País.
É esse o contributo do PCP porque sabemos que quem praticou o retrocesso nunca apoiará o progresso,
mas quem defende o progresso e, de forma intransigente, o emprego com direitos estará sempre na linha da
frente dessa batalha.
Aplausos do PCP.