I SÉRIE — NÚMERO 61
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem, agora, a palavra, para responder a este primeiro conjunto
de pedidos de esclarecimento, o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, em primeiro lugar, gostaria de agradecer as
perguntas que foram formuladas pelo Sr. Deputado Duarte Alves, do Partido Comunista Português, pelo Sr.
Deputado Paulo Rios, do PSD, e pelo Sr. Deputado Heitor de Sousa, do Bloco de Esquerda.
Sr. Deputado Duarte Alves, de facto, o projeto tinha duas componentes — a componente industrial e a
componente termal ou turística — e, em relação à parte industrial, não há nada a dizer. O que nos move é a
natureza termal e turística de que também se reveste o projeto. E, aproveitando também para responder já ao
Sr. Deputado Heitor de Sousa — que muito bem lembrou a resolução apresentada por Os Verdes, que foi
aprovada sem votos contra, recorde-se —, gostaria de dizer que aquilo que consideramos essencial é que, não
conseguindo o Governo obrigar o Super Bock Group a cumprir os compromissos que assumiu, só restam duas
soluções: renegociar o contrato, de forma a garantir os objetivos centrais que presidiram à atribuição dos
benefícios fiscais — estou a falar da dinamização da vida termal e da oferta turística — ou, se assim não for,
fazer uso do mecanismo que o próprio contrato de investimento prevê, que é a rescisão unilateral do contrato,
uma vez que há incumprimento, certamente bem claro. E, neste caso, haveria necessidade de o próprio Estado
reaver tudo aquilo que a Unicer, agora Super Bock Group, recebeu, de benefícios e incentivos fiscais.
Depois, Sr. Deputado Paulo Rios de Oliveira, a questão não é de alínea, a questão não é de diálogo. Aliás,
se o Sr. Deputado votou a favor do nosso projeto de resolução, foi certamente porque o PSD considerou que
havia incumprimento por parte do promotor do projeto. Se o Sr. Deputado considera que é pelo diálogo que se
constroem hotéis, se considera que é pelo diálogo que se dinamiza a atividade termal em Pedras Salgadas, isso
é a filosofia do Sr. Deputado Paulo Rios, na qual Os Verdes em nada se reveem.
De facto, o que interessa aqui salientar é que o objetivo central que presidiu à atribuição de benefícios fiscais
e de incentivos financeiros a um grupo económico tinha como contrapartida fazer renascer a vida termal em
Pedras Salgadas. E o Sr. Deputado certamente percebeu cedo como as coisas estavam, porque os próprios
Deputados da Comissão não conseguiram pernoitar em Pedras Salgadas, dado não existir um único hotel. E
quanto aos hotéis que ficaram de ser reconstruídos pela Unicer dentro do parque, um, o Hotel Avelames, que
tinha sido construído com dinheiros públicos, foi demolido, aparentemente até enterrado dentro do próprio
parque, e o Grande Hotel está como o Sr. Deputado o viu, cheio de entulho e completamente ao abandono.
Portanto, se o Sr. Deputado acha que, se a Unicer chamar lá as populações e dialogar com elas, o hotel, de
repente, fica bom essa é uma solução mágica para a qual duvido que o Sr. Deputado tenha poderes, e muito
menos os tem a Unicer ou Super Bock Group.
Aplausos de Os Verdes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos à segunda ronda de pedidos de esclarecimento.
Tem a palavra, para o efeito, o Sr. Deputado Ricardo Bexiga, do Partido Socialista.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, penso que a «pergunta de 1
milhão de euros», a propósito desta iniciativa do Partido Ecologista «Os Verdes», que também saúdo, é esta:
qual terá sido o pedido que o administrador da Unicer, Pires de Lima, terá feito ao Ministro da Economia Pires
de Lima, quando aceitou renegociar o contrato de investimento que estava planeado para o projeto
Vidago/Pedras Salgadas?
É que, de facto, o que encontramos é um projeto parcialmente cumprido, mas que foi objeto de uma
renegociação, na vigência do anterior Governo. Portanto, quando o administrador do atual Super Bock Group
diz «nós estamos a cumprir aquilo a que nos obrigámos», eventualmente, isso será mesmo verdade. Teremos
de esclarecer junto da AICEP se efetivamente a renegociação implicou aquilo a que assistimos, do ponto de
vista da reformulação do projeto, mas temos de perceber que, neste momento, o que é preciso é dar uma nota
muito positiva a este processo, uma vez que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista sentiu nesta visita ao
local que há condições para revitalizar um território com recursos naturais excecionais e que tem uma
capacidade de atração e de desenvolvimento do turismo termal, a título europeu, excecional.