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14 DE MARÇO DE 2019

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Há algo novo que não podemos deixar de sublinhar: a vinda para as ruas de tantos jovens que não se

resignam a esta situação, de jovens que dão a cara por um movimento claro de luta antirracista.

Pela parte do Bloco, é com essa juventude e com todas essas pessoas que queremos fazer caminho! É um

caminho difícil, mas é um caminho absolutamente necessário para tornar a democracia mais digna desse nome.

Estamos absolutamente certos de que a Sr.ª Deputada acompanha também este raciocínio.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr.

Deputado António Filipe, do PCP.

O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Isabel Moreira, pedimos para

intervir sobre a sua intervenção, não apenas para a saudar e para a cumprimentar, mas para dizer que

convergimos e concordamos com muito do que disse, embora não concordemos com tudo o que disse. Foi

precisamente por isso que pedimos a palavra.

Consideramos que a luta antirracista deve ser travada sem qualquer hesitação, sem qualquer vacilação,

condenando todas as expressões de racismo que se manifestem na sociedade portuguesa, assumam elas as

formas que assumirem, seja nas redes sociais, seja através de atos do Estado, seja em intervenções de

autoridades públicas, seja em quaisquer intervenções de quaisquer entidades, públicas ou privadas, singulares

ou coletivas. Em qualquer circunstância, o racismo deve ser condenado.

Aquilo com que não concordamos na sua intervenção é quando chega a qualificar Portugal como um País

racista.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. António Filipe (PCP): — Nós não concordamos com essa qualificação. Mais: consideramos que a luta

antirracista não é nem nunca pode ser entendida como uma luta contra a sociedade portuguesa ou uma luta

contra os portugueses, pela mesma razão que a luta anticolonial não era uma luta contra o povo português nem

contra Portugal, era uma luta contra o fascismo português que colonizava outros povos.

Quer-nos parecer que a luta antirracista é uma luta a travar com a sociedade portuguesa, a travar com os

portugueses, contra todos os racistas que existam em Portugal e que se manifestem. Era neste ponto que queria

deixar clara alguma demarcação ideológica, se quiser, relativamente à forma como se expressou. A luta

antirracista não é contra os portugueses, não é contra a sociedade portuguesa. Ela é feita com a sociedade

portuguesa por uma sociedade mais decente, por uma sociedade mais saudável, onde quaisquer manifestações

racistas não devam ter lugar, porque elas são contra Portugal e contra os portugueses.

Era isso que queria deixar aqui dito. Por isso, obviamente, queria dizer-lhe que, na convicção antirracista que

expressou da tribuna, pode contar sempre com as posições do PCP, considerando que estamos a tomar uma

posição ao lado do povo português e na convicção de que aquilo que defendemos firmemente, de combate a

quaisquer manifestações de racismo, sejam convicções com as quais o povo português profundamente se

identifique.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Isabel

Moreira.

A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Sr. Presidente, começo por agradecer ao Srs. Deputados José Manuel

Pureza e António Filipe as questões que colocaram.

Sr. Deputado José Manuel Pureza, quero apenas agradecer as suas palavras e dizer que também me revejo

naquilo que disse e até na comoção que me provoca esta novidade de a juventude estar a dizer que a rua

também é dela e a ocupar a Avenida da Liberdade, porque, como alguém escreveu, até que seja normal que a

rua seja o lugar da reclamação, que a Avenida da Liberdade, o centro de Lisboa, seja o lugar da reclamação