I SÉRIE — NÚMERO 1
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chega a altura da execução é que temos um problema. Isso é assim, seja no Governo, seja nas câmaras
municipais. Aliás, é-o numa câmara municipal que ambos conhecemos relativamente bem, a Câmara Municipal
de Lisboa.
Mas o que é que é importante? É importante que o Primeiro-Ministro, aqui mesmo, no Parlamento, venha
dizer qual é a sua visão, o seu plano, o que vai retirar desta mesma matéria e do que foi apresentado. É
importante também que os ministros, setorialmente, venham aqui, ao Parlamento, dizer ao País o que é que vão
exatamente fazer e com que meios, para que o País perceba se vamos ter Costa & Costa & C.ª, ou se vamos
ter dois Costa, de costas voltadas. O País precisa de saber isso e esperamos pelo debate com o Primeiro-
Ministro. E, seguramente, teremos também depois os ministros no Parlamento a darem as explicações devidas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Retomando as perguntas, dou a palavra à Sr.ª Deputada Isabel Pires, do Bloco de Esquerda.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Faz uma pergunta que ele perceba!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado, em primeiro lugar, obviamente que é preciso dizer — já tivemos esta discussão na manhã de hoje — que a responsabilidade política da gestão de qualquer crise
e da apresentação de visões estratégicas para o País cabe, obviamente, ao Governo e é nesse âmbito que o
Bloco de Esquerda tem trabalhado e que o debate deve ser feito.
Mas gostaríamos de colocar uma questão — e perceberá, no final, que é, efetivamente, uma questão —, que
tem a ver com ausências óbvias desta visão estratégica que foi apresentada, nomeadamente trabalho e salário.
E não é de estranhar que o CDS, na sua intervenção, também não tenha falado sobre estas duas matérias, nem
as tenha referido sequer esta manhã na audição ao Prof. Costa Silva, porque sabemos qual é a prática política
e ideológica do CDS, quer enquanto foi governo, quer na oposição, relativamente à forma de lidar com crises.
Não é demais lembrar que a política de recuperação de rendimentos que existiu nos últimos anos e que
permitiu ultrapassar a crise que estávamos a atravessar foi determinante para que pudéssemos ter uma
recuperação económica como a que vimos no nosso País.
Portanto, quando estamos, neste momento, a discutir um aparente plano para uma visão estratégica a dez
anos para ultrapassar uma crise que neste momento já começou, identificamos uma significativa diferença
ideológica não só entre o Bloco de Esquerda e a visão estratégica do Prof. Costa Silva, mas também do CDS,
que escolheu fazer destas matérias, trabalho e rendimentos, os grandes ausentes deste debate.
Sabemos que do discurso à prática vai sempre uma distância muito grande e a pergunta que temos para
fazer ao CDS, e é uma pergunta efetiva, é esta: qual é, afinal, a visão do CDS para o trabalho, a recuperação
de rendimentos, as alterações necessárias ao Código do Trabalho,…
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, chamo a sua atenção para o tempo.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — … que continua a esmagar milhares de trabalhadores no nosso País? Qual é, afinal de contas, a visão que o CDS tem para isto? Ou vai continuar, como fez nos últimos anos, a propor a
implementação de políticas que esmagam os trabalhadores do nosso País, esmagam os salários e os
rendimentos?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Também para formular pedidos de esclarecimento, dou agora a palavra ao Sr. Deputado Carlos Pereira, do PS.
Faça favor, Sr. Deputado.