29 DE OUTUBRO DE 2020
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nessas tendas? Onde é que está um plano nacional de gestão integrada de todo o sistema de saúde, incluindo
privado e social, para que ninguém fique para trás? E, Sr.ª Ministra, eu sei, como a Sr.ª Ministra sabe, que não
houve, realmente, contactos para fazer esta contratualização.
Neste momento, Sr.ª Ministra, não há plano, não há coordenação e, em cada hospital, é o salve-se quem
puder. E o Orçamento do Estado, na opinião do CDS, não traz uma solução cabal.
Enquanto os senhores não acionarem o sistema de forma integrada e especializada, a variável de controlo
orçamental é a saúde das pessoas. E digo isto de uma forma muito simples: como não há mais dinheiro e a
solução está só dentro do SNS, a única hipótese é pôr as pessoas à espera.
A obstinação do Governo em não decidir vai pagar-se com pessoas à espera de cuidados de saúde, em
listas ou fora delas. Esta não é a nossa escolha, no CDS, nem de política pública, nem de política orçamental.
E lembro que cada dia que passa, cada dia em que o Governo não decide, há 5500 pessoas que ficam sem
consulta. Isto também dava um belo gráfico para o Sr. Ministro das Finanças aqui mostrar.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, em nome do PS, a Sr.ª Deputada Hortense Martins.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra da Saúde, estamos, neste momento, num contexto complexo e todos temos de ter a responsabilidade de
responder às necessidades e aos problemas dos portugueses. E, Sr.as e Srs. Deputados, este Orçamento é
essencial! É essencial como instrumento de resposta às pessoas, às famílias e às empresas, e não se trata de
mera retórica!
Como todos nos recordamos, esta crise apanhou o mundo desprevenido. Mas Portugal pôde contar com o
nosso SNS, que tinha vindo a ser reforçado pelo Governo do PS e pela maioria de esquerda, que aprovou os
anteriores Orçamentos e defendeu o seu reforço de meios.
Naturalmente, isso foi essencial para responder à primeira fase da pandemia, para termos mais
equipamentos de proteção individual, ventiladores, laboratórios, vacinas, e conseguirmos mais profissionais de
saúde. São estes profissionais de saúde que, com a sua dedicação, cuidam das pessoas e as salvam.
E o que fazem, agora, alguns? Ignoram esta conjuntura difícil e querem pôr em risco este caminho. Os
portugueses não compreenderão isto, Sr.as e Srs. Deputados, não compreenderão aqueles que vão voltar as
costas ao reforço do SNS, não compreenderão aqueles que, neste Orçamento, lhes vão falhar e que vão votar
contra! Descolar desse caminho é não defender o SNS. Da direita, já o esperávamos, já conhecemos as receitas
do PSD, do CDS e dos restantes partidos que, agora, se juntaram à direita no nosso Parlamento. Mas o Bloco
de Esquerda escolheu voltar costas às dificuldades e, portanto, ao País.
Pelo muito que separa as soluções das governações de esquerda das soluções de direita, não
compreendemos esta situação. E não basta protestar, é preciso contribuir para as soluções.
Não esquecemos o ponto de partida, em 2015, quando o orçamento do SNS tinha despesa anual abaixo do
nível da de 2010 em 906 milhões de euros.
Não esquecemos que houve quem tivesse diminuído a despesa em saúde de tal forma que representava
uma austeridade ainda mais forte do que a contração do total da despesa pública. Isso foi feito sempre pelos
Governos de direita, repito, sempre pelos Governos de direita!
Quem sempre apoiou o SNS e o reforço do serviço de saúde foi o PS e os Governos apoiados pela esquerda.
É isso que queremos com este Orçamento, a continuidade desse caminho.
O PS inverteu o retrocesso que vinha a ser feito no Serviço Nacional de Saúde pelos Governos de direita. E,
neste Orçamento do Estado para 2021, alcançamos um valor de 12 100 milhões de euros para a saúde.
Estão, pois, errados os que não querem valorizar tudo o que foi feito, os que preferem não se comprometer
com estas soluções, que também são de apoio à economia e ao emprego.
Claro que não nos conformamos com o que ainda há para fazer. Por isso, temos de continuar a trabalhar
para alcançar esses objetivos. É este Orçamento que irá permitir melhorias nos cuidados de saúde primários,
na saúde mental e maior capacidade de resposta à pandemia. E não é só este Orçamento. Temos de nos
lembrar que temos mais instrumentos de apoio ao Serviço Nacional de Saúde e à saúde.