I SÉRIE — NÚMERO 19
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Quero concluir referindo o Programa de Recuperação e Resiliência, que tem verbas importantes para a
saúde, no valor de 1038 milhões de euros, portanto, uma aposta na continuidade da prioridade à saúde.
Quem quer estar com o Serviço Nacional de Saúde e se importa com a melhoria da resposta prestada aos
portugueses tem de apoiar este Orçamento. E é isso que nós esperamos: continuar a fazer o caminho para
prestarmos melhores cuidados de saúde aos portugueses, que é o que os portugueses esperam de nós e desta
Câmara.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para um pedido de esclarecimento, a Sr.ª Deputada Paula Santos, do PCP.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): ⎯ Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Ministra da Saúde, a solução para combater a pandemia, recuperar os atrasos na prestação de cuidados de saúde e assegurar o adequado
acompanhamento de todos os utentes é o Serviço Nacional de Saúde e não empurrar a prestação de cuidados
para os grupos privados, que estão a montar, juntamente com os partidos de direita, uma gigantesca campanha
para descredibilizar o SNS, com um único objetivo: aumentar os lucros à custa da saúde dos utentes.
Vozes do PCP: ⎯ Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): ⎯ E a forma de não contribuir para esta campanha passa pelo urgente reforço do SNS com soluções concretas.
Uma das prioridades é o reforço do número de profissionais de saúde. O Governo fala da contratação de
4200 trabalhadores, mas, recordamos, este era o número que tinha sido previsto ainda antes da pandemia. Com
a pandemia, as necessidades aumentaram; por isso, insistir nos 4200 não é suficiente. A questão que lhe deixo
é se assume, ou não, o compromisso de contratar mais trabalhadores para garantir que os cuidados aos utentes
são de facto prestados.
Uma outra questão prende-se com o seguinte: foi aberto o concurso para a contratação de médicos para os
cuidados intensivos, o que é positivo, mas estamos a falar de contratações de pessoas que já estão no Serviço
Nacional de Saúde, não se trata de um acréscimo. Portanto, reforça-se de um lado, mas, depois, é necessário
adotar as medidas para que esses serviços não fiquem fragilizados. Que garantias dá que há um efetivo aumento
do número de trabalhadores?
O Governo tem feito malabarismo com os números. A calendarização com que o Governo se comprometeu
não corresponde à discussão que teve com o PCP. É importante vincular os trabalhadores com vínculo precário,
vinculação que deve abranger todos os trabalhadores nesta situação, como propomos. Mas não podemos
considerar como novas contratações a contratação de trabalhadores que já estão no Serviço Nacional de Saúde.
Por isso, mais uma vez, perguntamos: que garantias dá que as contratações que refere são mesmo as de novos
trabalhadores a acrescer?
Quantos médicos, enfermeiros, técnicos, assistentes técnicos e auxiliares técnicos de saúde serão
acrescidos efetivamente, considerando que há um elevado número de profissionais de saúde que estão em
condições de se aposentar num curto espaço de tempo e que as entradas não estão a suprir as saídas, em
particular no que diz respeito aos médicos?
Por exemplo, no último concurso de médicos de medicina geral e familiar houve mais candidatos que vagas,
mas o resultado final foi o de que ficaram 125 vagas por preencher. A questão volta a colocar-se: que medidas
pretende o Governo tomar para fixar os profissionais no SNS?
É preciso valorizar profissional, social e remuneratoriamente os profissionais de saúde para que queiram ficar
no Serviço Nacional de Saúde. Não é com contratos de quatro meses que se garante condições de trabalho
mas, sim, com direitos e estabilidade. Por exemplo, propomos a valorização dos trabalhadores que prestam
cuidados no Serviço Nacional de Saúde, através da atribuição de um suplemento remuneratório, não como o
Governo propõe, só para alguns, mas para todos os trabalhadores no Serviço Nacional de Saúde.