4 DE DEZEMBRO DE 2020
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imunidade de grupo é um mês que antecipa a recuperação social e económica de Portugal. Isso tem um preço
que não é compatível com o andar a excluir dos prestadores e inoculadores da vacina contra a COVID-19
quaisquer outros prestadores ou entidades que não pertençam ao SNS.
Assim, Sr.ª Deputada, gostava que respondesse muito concretamente ao seguinte, porque isto tem de ficar
esclarecido, e tem de ficar esclarecido nesta Casa, o mais depressa possível: irá acompanhar o Iniciativa
Liberal quando pedir, já hoje à tarde, depois de ouvirmos a explicação do plano de vacinação contra a COVID-
19, a audição urgente da Sr.ª Ministra, do responsável da task force pelo plano de vacinação e dos
responsáveis das empresas produtoras das vacinas, para que possamos aferir nesta Casa se está ou não
colocado no terreno um plano viável para a vacinação dos portugueses o mais rapidamente possível?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — O terceiro orador inscrito para pedir esclarecimentos é o Sr. Deputado João Ramos, do PCP.
O Sr. João Dias (PCP): — Não está cá!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Digo, João Dias, do PCP. Peço imensa desculpa, Sr. Deputado.
Tem a palavra.
O Sr. João Dias (PCP): — Não tem de quê, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, antes de mais, quero felicitá-la pelo tema
que aqui nos trouxe: o plano de vacinação contra a COVID-19. A Sr.ª Deputada iniciou a sua intervenção pela
esperança no sucesso da vacinação contra a COVID-19.
Sr.ª Deputada, o primeiro pedido que devemos fazer-lhe — e é uma exigência para a qual todos estamos
convocados — é que não transforme esta esperança em desconfiança. Aqui, é fundamental que todos
assumamos a responsabilidade de não criar um clima de desconfiança para os portugueses. Aliás, é
fundamental que aqueles que alimentaram o clima de medo, de pânico, não venham agora também contribuir
para o clima de desconfiança relativamente ao processo de vacinação.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Muito bem!
O Sr. João Dias (PCP): — Fundamental é criar condições para que a população confie, desde logo, nos profissionais de saúde, nas autoridades de saúde. É com eles que a população portuguesa deve contar para
proteger a sua saúde.
Depois, há necessidade de uma informação clara, objetiva e esclarecedora e com base em dados
científicos. É só através dessa informação que a população também pode aderir — e aderir de uma forma livre
e esclarecida — a um processo de vacinação no qual sinta confiança. Por isso, é importante que se combata
por aqui também a desconfiança que se pode gerar num processo de vacinação e numa vacina que foi criada
em tempo recorde.
Depois, há também aquilo de que a Sr.ª Deputada talvez tenha alguma desconfiança, mas em que nós
temos absoluta confiança, que é o Serviço Nacional de Saúde, o serviço público, aquele com que devemos
contar.
E que não se crie nem haja aqui outra oportunidade para que o privado possa fazer negócio à custa da
vacinação. É com o Serviço Nacional de Saúde e com os cuidados de saúde primários que devemos contar,
por forma a garantir que a resposta à atividade regular e às doenças crónicas não sejam por esta via também
prejudicadas.
Nesse sentido, estamos bem a tempo de dotar o Serviço Nacional de Saúde quer de meios, quer de
profissionais, quer de um processo que garanta uma vacinação, sem pôr em causa aquilo que é a atividade
regular dos cuidados de saúde primários.
Aplausos do PCP.