I SÉRIE — NÚMERO 26
24
social, que não é a receita da direita, ou seja, a receita da austeridade, mas, sim, um maior robustecimento
daquilo que são os apoios sociais.
O Sr. Deputado não concorda, por exemplo, com o apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, como os
projetos Housing First, em que conseguimos não só traduzir um apoio de continuidade para dar respostas ao
País, mas também garantir que exista um robustecimento dessas mesmas necessidades, o combate ao tráfico
de seres humanos ou até mesmo, em matéria de layoff, a continuidade destes programas?
É certo, Sr. Deputado — e nisto concordamos em absoluto —, que ainda há um caminho para fazer. Mas
abrir a porta a uma crise política por cima daquela que é uma crise socioeconómica sem precedentes, essa
irresponsabilidade nós não a assumimos, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ah, pois!
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Se o CDS a quer chamar para si, é um problema vosso, mas o PAN assume as responsabilidades daquilo que os portugueses precisam. Não se trata de show-off político, mas de
respostas às necessidades reais e absolutas neste momento tão difícil para o País, e sem que passe pela
receita da austeridade, que já todos nós conhecemos e que fechou muitas empresas no nosso País.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vai ver no que dá!
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Perante uma crise sanitária, não deve repetir-se uma receita absolutamente falhada, um caminho absolutamente desnecessário.
Em relação às questões colocadas pelo Sr. Deputado José Soeiro, não posso, evidentemente, deixar de
concordar com a necessidade de revisitarmos os planos prestacionais em matéria de acesso aos apoios.
Conforme já tive oportunidade de aqui referir, é absolutamente fundamental que aquilo que é, hoje em dia, um
programa de pagamento prestacional, não se traduza numa assunção de dívida, ainda para mais com as
empresas a fecharem portas. Porque quando tivermos, de facto, um setor económico absolutamente
devastado, não vai haver economia para retomar e para salvar.
Portanto, como já tinha aqui referido, acompanhamos a necessidade de revisitarmos estes instrumentos…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Vou já terminar, Sr. Presidente. Como estava a dizer, acompanhamos a necessidade de revisitarmos estes instrumentos e de garantirmos
que os apoios chegam a quem precisa, para que ninguém fique para trás.
Em relação à receita para o combate a esta crise, evidentemente que, para o PAN, jamais será a da
austeridade.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à declaração política do Partido Ecologista «Os Verdes».
Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os Verdes trazem hoje como tema da sua declaração política o processo dos CTT.
E fazemo-lo por dois motivos.
Por um lado, porque, apesar da pandemia, a defesa do interesse público não está confinada, e, por outro
lado, porque terminando o contrato dos CTT no final deste mês, esta será, muito provavelmente, a última
oportunidade para se discutir o assunto antes de qualquer decisão sobre o futuro daquela empresa.
Como é público, os oito sindicatos dos trabalhadores dos CTT estiveram em greve durante estes dias. As
razões que levaram os trabalhadores a esta forma de luta prendem-se com a defesa de aumentos salariais,
porque os trabalhadores, com toda a justiça, exigem aumentos em vez de prémios atribuídos com critérios
obscuros.
Mas, na origem desta luta, estão também mais dois fatores importantes.