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18 DE DEZEMBRO DE 2020

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podemos esquecer que a situação sanitária continua a ser muito real e preocupante e que vivemos agora o

maior número de internamentos e de óbitos, apesar de o número de pessoas infetadas apresentar um

decréscimo.

O plano de vacinação e a abrangência de toda a população não se faz de um dia para o outro e serão

necessários ainda vários meses para garantir a segurança e a saúde de todas as pessoas. E se, por um lado,

aqui chegados, é necessário renovar o estado de emergência e manter algumas restrições para proteger a

saúde de todos nós, é igualmente necessário reajustar as medidas, por forma a que possa assumir também o

prejuízo económico que trouxe para o nosso tecido empresarial e os problemas sociais que daqui decorreram.

O Estado tem aqui um papel absolutamente fundamental e tem de ser o garante. E aqueles que não

acreditam num Estado social ou querem emagrecê-lo ao máximo têm agora aqui a sua resposta, nomeadamente

na crise que estamos a viver e que, sem a intervenção do Estado, muitas empresas teriam de fechar as suas

portas.

Esta é uma crise que nos obriga a ver o todo e não a compartimentar. É uma crise que nos obriga a ter uma

relação interministerial de responsabilidades. No entanto, temos assistido a um empurrar de responsabilidades

de ministério para ministério, e, por vezes, até, para as autarquias, enquanto se ganha tempo para que cheguem

os fundos comunitários.

Continuam a chegar testemunhos de situações que provam isso mesmo quando, por desarticulação entre

tutelas, se deixam de fora necessidades essenciais, como, por exemplo, dos alunos que frequentam o ensino

superior, que, ao abrigo do isolamento profilático e do cumprimento de medidas de saúde pública, se veem

confrontados com mudanças no pagamento das prestações de alojamento ou se encontram privados do acesso

à alimentação.

São muitos os setores, como os da cultura, da restauração e do turismo, entre outros, que continuam afetados

e que precisam de uma visão que garanta a sua reestruturação e não apenas uma retoma económica como no

antigo normal. Veja-se o caso da cultura, que precisa de uma resposta estrutural, não apenas para garantir

condições de vida aos artistas e a sustentabilidade das entidades, mas tem também um papel essencial no

desenvolvimento social, assumindo-se como um vetor identitário do nosso País e promotor do bem-estar

emocional da comunidade.

Ao nível laboral, verificou-se uma redução de pessoas em situação de teletrabalho, numa tendência

expressiva de regresso à atividade presencial. Contudo, continua a ser necessário garantir que a possibilidade

de exercer funções à distância seja cumprida pelas organizações, mas também que se acautele as diferentes

respostas que as assimetrias regionais e sociais o exigem. O mesmo se aplica à telescola.

Há, porém, um aspeto da renovação do estado de emergência que não podemos deixar de salientar. Esta

renovação ocorre numa altura do ano de épocas festivas, propícias ao convívio familiar e social, uma altura que,

para além de ser marcada pelos laços familiares e de amizade, assinala também um período em que alguns

precisam de alguma pausa e de repor as suas energias. Mas nem todas as pessoas se poderão dar ao luxo de

descansar. É o caso dos nossos profissionais de saúde e dos demais profissionais que diariamente estão a dar

apoio a quem mais precisa e a garantir os serviços essenciais para todas e para todos nós.

Temos de ser capazes de devolver agora o nosso agradecimento pelo esforço e sacrifício que têm feito,

garantindo que não nos vamos comportar de forma a engrossar as listas de internamento do Serviço Nacional

de Saúde e que somos capazes de um elevado sentido de responsabilidade ao nível dos nossos

comportamentos individuais e coletivos, para que não se coloque ninguém em risco.

Mas também aqui o Estado não se pode demitir. A responsabilidade não pode estar apenas no

comportamento individual. Da parte do Governo, exige-se que não esqueça o que estes profissionais têm feito

por todos nós e que seja verdadeiramente capaz de o reconhecer com medidas concretas e justas, como a

regulamentação de carreiras, a negociação da revisão das tabelas salariais e a melhoria das suas condições de

trabalho, assim como de preparar eficazmente o País para aquilo que ainda aí vem.

Se há algo que esta crise nos ensinou é que precisamos de equilíbrio e responsabilidade em todas as opções

que tomamos para que não tenhamos de sofrer medidas de maior severidade. Por isso, importa reiterar que

também no Natal e no Ano Novo podemos conviver com os nossos entes queridos sem com isso colocar a

nossa saúde em risco.

Neste equilíbrio que se pede, é também fundamental que nenhuma medida conduza ao isolamento de quem

quer que seja, dos mais vulneráveis aos mais idosos, e que possamos dar resposta para que nenhuma crise