18 DE DEZEMBRO DE 2020
43
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Leite Ramos.
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Secretária de Estado do Ambiente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Chegados ao fim desta apreciação
parlamentar, a convicção que temos é a de que as razões que a motivaram são do mais urgente possível.
Nós, no PSD, recebemos um conjunto de queixas, de solicitações, por parte não só dos municípios e das
suas entidades representativas, mas também de vários operadores do sistema, desde associações ligadas aos
resíduos, passando pela Deco (Defesa do Consumidor), pela TRATOLIXO ou pelas organizações de municípios.
E a razão foi a mesma: o Governo recusou-se a dialogar com os vários intervenientes do setor sobre a reforma
necessária, indispensável, que é preciso fazer.
Sr.ª Secretária de Estado, se alguém tem bipolaridade nesta política é o Governo, que, durante cinco anos,
não fez absolutamente nada, nada. Ignorou completamente os problemas, não contribuiu para a sua resolução,
não investiu, não apoiou, nem dialogou com os vários atores envolvidos no setor, e chega a este momento, em
vésperas da presidência da União Europeia, e apresenta a única solução miraculosa para resolver os problemas
da redução da deposição dos lixos em aterro, que foi aumentar a taxa, duplicá-la, e prevê já que, daqui a cinco
anos, sofra um aumento ainda substancial.
É a esta falta de diálogo, é a esta indiferença que, durante estes anos, o Governo mostrou relativamente a
estes problemas que tem de responder. E o PSD pede ao Governo e a esta Câmara que tomem a decisão
inevitável: impedir que seja feito um aumento desta maneira e que se criem condições para que seja reposto
esse diálogo a fim de que a negociação seja feita. Não há política de ambiente que atinja os seus objetivos sem
esta negociação, sem este diálogo, sem esta mobilização dos vários atores. Portanto, o que pedimos é
exatamente isto.
Sr. Deputado Hugo Pires, o que acabou de dizer relativamente ao comportamento dos autarcas é, do meu
ponto de vista, lamentável. Se há alguém que, neste País, tenha feito alguma coisa em matéria de política
ambiental são os autarcas, exatamente porque o seu Governo, o Governo do Partido Socialista, tem faltado em
muitas frentes. Como dizia o meu colega, à falta de políticas, tem alimentado o debate com narrativas.
Protestos do PS.
Basta de narrativas! Nós queremos mesmo resolver este problema, mas, para isso, precisamos de ação,
para isso precisamos de políticas que resolvam os problemas com que o País se debate.
Muito mais do que de narrativas, nós precisamos, o País precisa, o ambiente precisa de políticas sérias e
eficazes de combate às alterações climáticas.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para encerrar o debate, tem a palavra a Sr.ª Secretária de Estado do Ambiente.
A Sr.ª Secretária de Estado do Ambiente: — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Duzentos e sessenta milhões de euros nos últimos quatros anos — este foi o investimento feito a nível nacional nesta área.
Não é verdade que não dialogamos com os municípios. Eu própria, no início do ano, em janeiro, fui falar com
os municípios sobre os desafios que aí vinham decorrentes das diretivas comunitárias, inclusivamente sobre as
novas exigências, as novas metas, os novos desafios que existiam.
Protestos do Deputado do PSD Bruno Coimbra.
Esse diálogo continuou ao longo do ano e culminou com a consulta pública, onde acolhemos várias das
preocupações que foram demonstradas pela Associação Nacional de Municípios.
Sr.as e Srs. Deputados, a produtividade material nacional é de 1 € gerado por cada quilo de material
consumido; a média europeia é de 2 €.
Em Portugal, a substituição de matérias-primas por materiais recuperados está nos 1,8%, uma das mais
baixas da União Europeia; a média da União Europeia é de 11,2%.