I SÉRIE — NÚMERO 44
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Este dado é relevante porque nos indica que mais longe o Governo tivesse querido ir nos apoios que foram
aprovados, mais propostas de apoio, que o próprio Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda foi apresentando
desde março-abril, tivessem sido aprovadas, mais longe teríamos chegado e menos falências, com certeza,
poderíamos ter neste momento.
Infelizmente, o que nos indicam estes dados é que é preciso mais, é preciso que os apoios sejam mais
céleres, é preciso que exista menos confusão em todo este processo, é preciso que exista maior previsibilidade
— esta questão é muito relevante — e respostas que comecem a pensar, desde já, naqueles que, dentro de
alguns meses, deverão ter de começar a devolver o valor de apoios que pediram em abril, quando ainda não
há, claramente, neste momento, condições para o fazer.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Vou terminar, Sr. Presidente. Portanto, no Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda continuamos empenhados em melhorar todos os
apoios existentes, em propor medidas que ajudem todos os trabalhadores, que ajudem os sócios-gerentes,
também, que estão há demasiados meses, há quase um ano, sem nenhuma garantia.
Desse ponto de vista, contarão sempre com o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda para ir mais além.
Falta saber se o Governo e o Partido Socialista o querem fazer.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O que tem acontecido com os sócios-gerentes é essencialmente uma falha por preconceito ideológico. É isso que tem acontecido. Nem sequer estamos a falar
de falta de meios ou de falta de organização. É preconceito ideológico!
Soubemos que muitos destes sócios-gerentes vão ter de devolver as isenções de layoff se pedirem o apoio
à quebra de faturação, com retroativos, e já sabíamos disso quando chegámos a este debate, o que é a primeira
das incoerências desta história. A segunda é os limites de faturação e o número de trabalhadores que o Governo
socialista conseguiu impor a quem deveria ser apoiado como sócio-gerente.
Basicamente, dissemos que «sim senhor, vamos apoiar», mas depois colocámos uma série de requisitos
que, na prática, ou os obrigam a devolver os apoios ou os colocam fora da lista de apoios. São milhares, arrisco
dizer centenas de milhares, aqueles que estão fora das listas de apoio do Partido Socialista.
Mas era importante perceber também, hoje, por que é que o apoio à quebra de faturação, com retroativos,
tem sido tão problemática, quando apontam o exemplo da Alemanha ou da Áustria, que, de facto, têm apostado
nestas dimensões ao apoiar empresas que tenham tido quebra de faturação. Por que é que não são capazes
de fazer exatamente a mesma coisa?!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou concluir, Sr. Presidente. Estes são cidadãos que pagaram impostos nos últimos anos, que contribuíram para a economia, fosse o que
fosse, e o Partido Socialista mais não lhes tem dado do que listas atrás de listas, requisitos atrás de requisitos,
exigências atrás de exigências, que não têm levado a parte nenhuma.
Hoje, é um bom dia para fazermos história, e uma boa história, nesta matéria.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Rui Cruz, do PS.