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4 DE MARÇO DE 2021

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futuro. Daí que hoje traga, a esta Câmara, o tema dos territórios transfronteiriços e dos efeitos nefastos na nossa

diplomacia económica, pelo encerramento ou condicionamento de fronteiras terrestres com o nosso único país

vizinho, Espanha, cujos efeitos têm sido muito difíceis para a nossa economia.

Mas é no comércio internacional que temos uma enorme preocupação, pois o défice de 2020, com o exterior,

engordou 2,8 mil milhões de euros, sendo a principal contração o colapso das nossas exportações, que

regrediram 18,6%, e as importações que ficaram apenas nos 12%. Não há memória de tamanho trambolhão e,

hoje, o ritmo de importações decresce menos do que as exportações. Não, não pode ser só pela pandemia a

justificação para tamanha regressão do tecido económico português fora de portas. Em especial, o trânsito de

mercadorias das nossas empresas e dos trabalhadores são reveladores dos enormes prejuízos causados.

Se só em apenas três meses de 2020 o encerramento das fronteiras provocou perdas de quase 100 milhões

de euros nos concelhos do Norte transfronteiriço e condicionou quase 25 000 trabalhadores, estes últimos dois

meses têm sido também muito drásticos. Não é compreensível manter fronteiras, como a de Vila Nova de

Cerveira, encerradas ou, como em Melgaço, Monção, Ponte da Barca e Madalena, a funcionarem duas ou três

horas por dia, quando as longas filas detetadas de espera, no trânsito de mercadorias, são de horas, tendo a

economia desta região centenas de milhares de horas efetivas perdidas que dificultam as nossas exportações,

bem como a vida das pessoas que trabalham fora, mas vivem em Portugal.

É preciso agilização, Sr. Ministro! Por isso, pergunto-lhe quando procederá à abertura, para os trabalhadores

e para a economia, das várias fronteiras, em especial a de Vila Nova de Cerveira, que se encontra encerrada,

ou a das condicionadas a poucas horas de abertura diária, como é o caso de tantas por esse País. Que medidas

prevê tomar para ultrapassar esta problemática e se estas passam pela compensação financeira a todos os

prejudicados?

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. Eduardo Teixeira (PSD): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.

Admite criar, com os nossos vizinhos, um cartão do trabalhador transfronteiriço, para criar maior agilização

nos pontos de controlo, evitando a burocracia que se tem verificado nas passagens?

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro.

O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Eduardo Teixeira,

agradeço as suas observações e permita-me que comece também eu com uma observação.

Este é um debate setorial sobre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e não sobre matérias da competência

do Ministério da Administração Interna. O Sr. Deputado sabe melhor do que eu que a gestão das fronteiras cabe

a quem tem a responsabilidade de gerir o território e não a quem tem a responsabilidade de gerir a relação

externa.

Como o Sr. Deputado já sabe, eu adoro falar sobre tudo e limito-me apenas a recordar-lhe que a intervenção,

neste debate, do seu Grupo Parlamentar começou com uma Sr.ª Deputada a criticar-me por eu não ter imposto

quarentena logo no início da pandemia. Portanto, entendam-se, harmonizem-se, articulem-se!

Protestos do Deputado do PSD Eduardo Teixeira.

Sobre a questão do saldo comercial, também tenho uma notícia para dar ao Sr. Deputado: no ano passado,

as viagens internacionais ficaram paradas, a aviação esteve parada, o turismo internacional foi reduzido a uma

expressão absolutamente residual. Se o Sr. Deputado quiser responder à pergunta «Qual é o fator principal que

explica a quebra das exportações, no ano passado, em Portugal», verificará que o primeiro e o segundo setores

mais importantes para as exportações portuguesas — a saber, o turismo e as viagens — sofreram uma queda

brutal, no ano passado.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço que conclua, Sr. Ministro.