I SÉRIE — NÚMERO 48
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A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Tem a palavra, para formular as suas perguntas, o Sr. Deputado Paulo
Porto, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Paulo Porto (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro,
o Governo da Venezuela acaba de expulsar a Embaixadora da União Europeia em Caracas em virtude das
posições assumidas em defesa da democracia, do Estado de direito e contra a degradação económica e social
que tanto tem afetado os venezuelanos e, claro, toda a importante comunidade portuguesa residente na
Venezuela.
Diante deste quadro, pergunto de que forma é que Portugal, que conhece bem a Venezuela e que nunca
fechou as portas ao diálogo com o Governo venezuelano, pode contribuir para que a resolução dessa tensão
entre a União Europeia e a Venezuela possa ter uma boa solução.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr.ª Presidente, agradeço a pergunta colocada
pelo Sr. Deputado.
Julgo, do pouco que tenho aprendido com a diplomacia, que é mesmo altura de utilizar dois verbos que são
um bocadinho estranhos à língua portuguesa, mas que podem utilizar-se sem nenhum gramático «dar pulos».
São os verbos «reciprocar» e «desescalar».
A Embaixadora Isabel Pedrosa foi declarada persona non grata. A União Europeia não podia senão
«reciprocar» e, portanto, a Embaixadora da Venezuela junto da União Europeia foi declarada persona non grata.
Feito esse ajuste, agora é altura de «desescalar», isto é, é altura de conter, é altura de não prosseguir. Isto
porque — e o Sr. Deputado certamente reparou — o único comentário público que fiz em relação à decisão do
Governo venezuelano foi dizer que a lamentava porque agravava o isolamento internacional da Venezuela e,
para resolver a crise que se vive na Venezuela, o agravamento do isolamento internacional daquele país é má
solução.
A União Europeia não é adversária de ninguém na Venezuela e quer ser parceira dos venezuelanos a
encontrar soluções para a crise humanitária, económica e social que lá se vive. Ora, essas soluções só podem
existir se resolvermos a crise política.
A Venezuela não tem problemas de recursos.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Concluo, Sr.ª Presidente.
A Venezuela é um dos países mais ricos do mundo em recursos naturais, é dos países da América Latina
mais dotados em capital humano e é um país com um quadro institucional tradicionalmente muito forte. Tem um
problema político, tem de resolver esse problema político e o que nós pudermos fazer para ajudar a resolvê-lo
fá-lo-emos.
Porque é que esse é o nosso interesse? Porque neste momento há um milhão de cidadãos que vivem na
Venezuela e que têm também cidadania europeia.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Passamos agora ao tempo do Bloco de Esquerda, pelo que tem a
palavra a Sr.ª Deputada Alexandra Vieira para formular perguntas.
A Sr.ª Alexandra Vieira (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.
Ministro, há dias foi tornado público o relatório da Amnistia Internacional sobre a situação grave, do ponto de
vista dos direitos humanos, que se vive na província moçambicana de Cabo Delgado, localizada no norte do
país.