O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 48

44

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado

Bruno Dias.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Cumprimento o Sr. Ministro e os Srs.

Secretários de Estado e das quatro questões que pretendo colocar ao Sr. Ministro, na primeira, vou retomar o

tema das vacinas.

O Sr. Ministro, há pouco, foi taxativo ao dizer que Portugal não vai adquirir vacinas fora do processo do

chamado procurement europeu, mas há poucas semanas, aqui, na Assembleia da República, o Sr. Ministro

afirmou que iriam ser, de forma complementar e sucessiva, adquiridas outras vacinas para diversificar o

fornecimento a Portugal.

Pergunto: em que é que ficamos? Não vai, de facto, haver essa diversificação que tanta falta faz ao nosso

País? Onde é que fica, então, essa afirmação que o senhor fez recentemente?

Por outro lado, o Sr. Ministro também afirmou que a Agência Europeia de Medicamentos vai aprovando as

vacinas sem interferência política. Isto, só por si, é verdade, mas há mais para contar e ainda ontem tivemos

esta discussão com a Sr.ª Secretária de Estado.

Então, a questão é que a Agência Europeia de Medicamentos não é, na Europa, a única entidade que tem

essa competência. Sr. Ministro, pergunto-lhe se tem razões para não confiar no Infarmed (Autoridade Nacional

do Medicamento e Produtos de Saúde), que, nos termos da lei, tem competências próprias. Qual é o regime de

reconhecimento que se vai aplicar em Portugal às vacinas reconhecidas no quadro da OMS e às pessoas

vacinadas com elas? O que é que está previsto nesse aspeto?

Quanto à questão da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, como o Sr. Ministro sabe, o

PCP tem vindo a sublinhar a importância de que esta presidência constitua uma oportunidade para colocar na

agenda da União Europeia a necessidade de questionamento do rumo e das políticas que esta impõe aos pobres

e que estão na origem das desigualdades sociais e das assimetrias de desenvolvimento que a percorrem.

Mas, pelo contrário, o que verificamos é uma perspetiva de novas etapas e novas roupagens para as mesmas

opções e a mesma política: subserviência face às grandes potências, submissão e favorecimento de interesses

e do poder económico das multinacionais; aprofundamento das desigualdades e da exploração.

É inaceitável que sejam estas as marcas essenciais das opções seguidas. Mesmo que apresentadas no meio

de proclamações e de intenções declaradas, mesmo quando se fala no chamado pilar dos direitos sociais,

mesmo quando se prepara a designada Cimeira Social, que é indispensável, é assumido claramente que o

nivelamento não pode ser no retrocesso.

Ao assumir referências comuns e ao definir uma fasquia para os diferentes países, o que é preciso é convergir

no progresso social e não baixar a fasquia, o que é preciso é romper com a precariedade, a exploração, a

destruição de direitos, romper com estas políticas, erradicá-las e não legalizar, regulamentar e normalizar essas

pragas.

A questão das chamadas plataformas eletrónicas é um exemplo particularmente claro e atual desta matéria,

mas está longe de ser o único. Daí que seja importante abordar a responsabilidade da Presidência portuguesa,

desde logo, de não contribuir para uma opção que, na verdade, seja nivelar por baixo.

Ainda no que respeita à Presidência portuguesa, Sr. Ministro, queremos retomar uma questão que já

colocámos ao Governo na Comissão. Falamos do posicionamento e da intervenção da Presidência portuguesa

sobre a situação da Palestina e do seu povo.

Sr. Ministro, preconizar nas palavras uma solução de dois estados e nem sequer reconhecer um deles, que

é o Estado da Palestina, manter uma relação profundamente desigual no plano político, jurídico, institucional e

até de acesso a recursos financeiros, deixar passar o tempo assistindo à sistemática violação do direito

internacional por parte da potência ocupante e anunciar na Assembleia da República que, conforme o desfecho

das eleições deste ano, poderemos convocar ao Conselho os acordos de associação e rever algumas dessas

cláusulas, este, Sr. Ministro, não é o papel que deve ter Portugal e a Presidência portuguesa.

Esse alinhamento estratégico, que aqui defendeu, com os Estados Unidos da América, desde logo, neste

domínio, significa, objetivamente, uma cumplicidade com uma ocupação criminosa. É que, enquanto a Casa