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4 DE MARÇO DE 2021

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A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, tem a palavra, para

formular os seus pedidos de esclarecimento, o Sr. Deputado João Almeida.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr.as e Srs. Secretários de Estado,

Sr.as e Srs. Deputados: Sr. Ministro, já passou algum tempo mas, na primeira ronda, o meu colega Telmo Correia

questionou o Sr. Ministro sobre várias matérias e o Sr. Ministro respondeu a quase todas as questões, exceto a

uma, que eu lembrava agora, para o caso de poder responder, e que tem a ver com a questão dos espoliados.

Pela informação que temos, o Governo tem mantido um diálogo no sentido de se encontrar uma solução —

penso que é, inclusivamente, o Sr. Secretário de Estado Eurico Brilhante Dias que tem essa responsabilidade

—, mas o que queríamos saber, até porque, obviamente, o tempo passa e numa questão como esta é muito

relevante, é o que é que, efetivamente, pode esperar-se deste processo.

Indo às questões da segunda ronda, mais concentradas nos assuntos europeus, o Sr. Ministro presidiu à

reunião informal de ministros responsáveis pela área do comércio — aliás, o Sr. Ministro tinha anunciado isso

mesmo na Comissão — onde foram discutidos a política comercial da União Europeia e, pelo que lemos, três

propósitos essenciais: abertura, sustentabilidade e assertividade.

O que queremos saber é como é que isso se concretiza em alguns casos concretos. Primeiro caso concreto,

o do Mercosul.

É muito importante para um país como Portugal, que tem relações comerciais forte com países membros do

Mercosul, haver um acordo que permita a muitas empresas portuguesas evitar quer os entraves alfandegários,

quer burocráticos para que consigam, efetivamente, beneficiar do acordo que a União Europeia possa

estabelecer com o Mercosul.

Depois, o caso do acordo com a China, de que também já tínhamos conversado na Comissão, e a importância

que tem a questão de um acordo na relação transatlântica, e numa política transatlântica relativamente à China,

e não ser a União Europeia a inviabilizar uma política comum e articulada ao nível dos Estados Unidos e da

União Europeia, para a qual os Estados Unidos da América já demonstraram estar disponíveis.

Por fim, no caso da relação direta com os Estados Unidos e a questão do TTIP (Transatlantic Trade and

Investment Partnership), pelo que nos apercebemos, não houve, nesta reunião, nenhuma abordagem direta a

esta matéria. Agora, que mudou a Administração norte-americana, há a possibilidade de se poder voltar a discutir

um eventual acordo, que, nos termos em que estava a ser discutido, quando deixou de o ser, tinha aspetos

muito positivos também para as empresas portuguesas?

Portanto, o que queremos perguntar é como é que se concretiza esta revisão da política comercial,

essencialmente nestes três pontos que têm diretamente a ver com interesses portugueses.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios

Estrangeiros.

O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado: Em relação à

primeira questão, relativa aos espoliados, trata-se, como sabe, de um processo que envolve vários

departamentos do Governo. No que diz respeito ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, a nossa

responsabilidade era com o arquivo e o tratamento jurídico dos milhares de processos que foram confiados à

guarda do Instituto Camões e esse processo decorre. Depois, há uma dimensão financeira igualmente

importante.

Em relação às questões que coloca do ponto de vista prático, no que diz respeito ao Mercosul, é muito

simples: como Presidência, sou forçado a constatar que, neste momento, não há condições para a maioria

necessária à aprovação de um acordo, seja em sede de Conselho, seja em sede de Parlamento Europeu. Como

o acordo concluído é, do meu ponto de vista, um bom acordo, quer no plano económico, quer, sobretudo, no

plano geopolítico, é muito importante criar condições para que este impasse possa ser ultrapassado.

As condições de que precisamos passam pela criação de um instrumento adicional — chamamos-lhe um

instrumento, porque os serviços legais ainda não chegaram à definição da sua natureza jurídica, ou seja, se é

um protocolo, se é um adicional ou se é um anexo — que permita clarificar as vinculações das duas partes,

reciprocamente, e, aliás, também as condições financeiras para apoiar uma das partes no cumprimento dessas

condições, em três matérias essenciais.