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I SÉRIE — NÚMERO 18

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É assim que quer governar o País? A esmifrar os portugueses? Pois não é assim que vai conseguir, Sr.

Primeiro-Ministro.

Aplausos do CH.

O Sr. Presidente: — Para um pedido de esclarecimento em nome da Iniciativa Liberal, tem a palavra o Sr.

Deputado João Cotrim Figueiredo.

O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr.

Primeiro-Ministro, permita-me que comece por lhe dizer uma coisa que, tenho a certeza, os seus assessores de

comunicação lhe dirão mais tarde: tenha cuidado com as tendências para a arrogância.

O senhor, na primeira ronda de respostas ao Presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, arrogou-se ao direito

de falar em nome de todos os portugueses, em nome dos portugueses que trabalham e não trabalham, dos

portugueses que votam e não votam na Iniciativa Liberal. Quem se arroga é, por definição, arrogante. Tenha

cuidado com a sua tendência para a arrogância.

Aplausos da IL.

Mas há uma coisa em que estou de acordo consigo na resposta que deu na primeira ronda. É que não vale

a pena entrar no detalhe da discussão, das muitas matérias que este Orçamento teria para discutir, se não nos

entendermos sobre, para mim, duas coisas básicas — e já percebi que o Governo também tem a incumbência

e a estratégia de nos iludir, de se expressar mal, digamos assim — e que são as seguintes: o crescimento de

Portugal é, em nossa opinião, medíocre e a carga fiscal tem subido.

Vamos, então, por partes. O crescimento de Portugal é medíocre. Desde o princípio do século — e chamo a

atenção, desde já, dos verificadores de factos que possam estar a ouvir, porque vai aqui haver muita matéria —

, apenas cinco países cresceram mais do que Portugal. Estamos em 22.º de 27. Para nós, é medíocre. Desses

cinco países que cresceram mais do que nós, apenas um era da coesão. Ficámos em 14.º entre 15. Já não é

medíocre, é francamente mau.

Mas já sei que não quer, como há pouco disse, que os primeiros 15 anos deste século contem, porque os

Governos de Guterres e de Sócrates também foram péssimos. Então, vamos só falar dos Governos desde que

o senhor tomou posse. Desde 2016 para cá, a carga fiscal subiu 54 %, 34 500 milhões de euros de receitas

fiscais…

O Sr. João Torres (PS): — E abaixo da média europeia!

O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — … e contributivas a mais. Não há inflação, nem crescimento que

justifiquem isto. A carga fiscal subiu!

Só de 2023, para a previsão de 2024, temos receitas fiscais que vão subir — está na página 116 do relatório

— 5,2 %. Na página 129, pode ler-se que o PIB nominal vai crescer 4,4 %. Portanto, sim, em 2024, a carga fiscal

vai voltar a subir.

Em relação ao crescimento — e esta pergunta foi aqui feita na quinta-feira —, sabem dizer-me, finalmente,

e já lá vão quatro dias, quanto é que Portugal vai crescer em 2024, sem fundos europeus? Quanto é que teria

crescido em 2023, sem fundos europeus? Continuo à espera da resposta.

Faço estes dois sublinhados sobre o crescimento económico medíocre e sobre a subida da carga fiscal

porque não são independentes. Não são independentes! Como é que eu sei? Porque dos oito países que nos

ultrapassaram, desde o princípio do século, no ranking económico, sete deles tinham carga fiscal sempre inferior

à nossa. E um deles só não tem sempre inferior porque no último ano ou dois passou a ter superior. Portanto

há, de facto, uma relação entre o crescimento económico forte e a carga fiscal baixa.

Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, não se refugie no facto de ter de responder a 21 perguntas, não se arrogue

ser dono da verdade e tenha aqui uma oportunidade, desta vez, de se expressar bem.

Aplausos da IL.