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31 DE OUTUBRO DE 2023

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O Sr. Presidente: — Para um pedido de esclarecimento em nome do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado

Bruno Dias.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, o Sr. Primeiro-

Ministro pode proclamar que este Orçamento é o maior de sempre, pode voltar ao refrão do «mais à esquerda

de sempre», porque pode soar bem enquanto propaganda, mas não é possível iludir aquilo que é, de facto,

maior: o abismo entre os salários e as pensões e o que é preciso para chegar ao fim do mês.

E esta proposta de Orçamento insiste nas mesmas políticas que hoje negam o direito a uma casa a milhares

de famílias. Por isso insistimos na questão da habitação. Reafirmamos: não é, nem será, com mais benefícios

fiscais para os grandes proprietários, nem com a subsidiação pública dos lucros da banca, como faz esta

proposta de Orçamento, que se garantirá o direito a uma habitação digna.

O Sr. João Dias (PCP): — Essa é que é essa!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Temos, com a decisão deste Governo, o maior aumento das rendas em 30 anos,

e o Governo gaba-se de financiar com dinheiros públicos essa espiral especulativa, através de apoios que só

chegam a quem está com taxas de esforço para lá do insustentável.

A maioria do povo está à mercê da especulação, e a confiança no mercado, de que o senhor fala, vale mais,

pelos vistos, do que a vida concreta das pessoas. Não há nada que disfarce que, mais uma vez, este Orçamento

passa completamente ao lado dos lucros dos grupos económicos e das multinacionais. E essa é uma opção

muito visível na banca, como se fosse possível ignorar os 11 milhões de euros de lucros por dia que arrecada

e, ainda mais, esses lucros a disparar nestes últimos meses para níveis verdadeiramente chocantes.

Vemos os bancos, mesmo com a subida dos juros, aumentarem ainda mais as taxas e comissões — já vão

numa média de 216 € por pessoa — e perguntamos: não é justo fazer baixar essas comissões e outras despesas

a um nível que permita reduzir a prestação da casa?

O Sr. João Dias (PCP): — Ora bem!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — É essa a nossa proposta. Ou o lucro da banca é mais importante que a vida das

pessoas?

O Sr. João Dias (PCP): — Pelos vistos!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — É que a vida das pessoas está hoje marcada pela ameaça de ficarem sem casa,

com rendas que não param de aumentar, com despejos cada vez mais facilitados e implacáveis ou, já hoje, com

a realidade dramática de não terem um teto ou, então, com os insuportáveis sacrifícios de tudo o que se deixa

para trás para se pagar a prestação. Isto não é viver, Sr. Primeiro-Ministro!

O que nós dizemos é que é necessário, é urgente, é possível impedir hipotecas e despejos, proteger a

habitação própria, regular e diminuir rendas e fazer, de uma vez por todas, aquilo que se impõe: pôr os lucros

da banca a suportar o aumento das taxas de juros.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Exatamente!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Então, a pergunta que fazemos é muito concreta: como é que o Governo

responde a todas estas pessoas que sofrem as consequências da vossa política, quando todos veem o sacrifício

de tantos como moeda de troca para o privilégio e a fortuna de alguns?

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Para um pedido de esclarecimento em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra o

Sr. Deputado José Soeiro.