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I SÉRIE — NÚMERO 18

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cresceram cerca de 60 % desde 2015, por isso, a pergunta certa é ao contrário: onde é que as pessoas como a

Inês devem continuar a cortar para que o Estado aumente a carga fiscal todos os anos?

Aplausos da IL.

Será que ela deve cortar na prestação da casa e voltar a viver em casa dos pais? Deve cortar no seguro de

saúde e sujeitar-se a esperar meses por uma consulta de rotina? Deve cortar no uso de automóvel e sujeitar-se

aos atrasos nos transportes públicos, se os tiver perto de casa? Deve deixar de ter uma vida para além do

trabalho? Diga-nos onde é que a Inês deve cortar para o Estado poder continuar a engordar, onde é que as

pessoas como a Inês devem cortar para que o Estado português continue a salvar empresas falidas, a alimentar

desfiles de vaidades em grandes eventos, a pagar a extraordinária ineficiência do Estado.

Sr. Primeiro-Ministro, discutimos hoje o Orçamento do Estado, mas há milhões de orçamentos para além do

Orçamento do Estado e de cada vez que o Orçamento do Estado incha, milhões de orçamentos encolhem. Cada

vez que o Sr. Primeiro-Ministro diz que não tem onde cortar no Orçamento do Estado, milhões de pessoas são

forçadas a cortar no seu próprio orçamento, milhares de empresas deixam de poder investir, deixam de poder

pagar mais, e com essas ninguém se preocupa sobre como cortam e onde é que têm de cortar. Se calhar, era

altura de nos começarmos a preocupar com estes orçamentos.

Aplausos da IL.

O Sr. Presidente: — Para um pedido de esclarecimento, em nome do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada

Alma Rivera.

A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, chegados aqui, a pergunta que lhe

queremos fazer é relativamente simples: qual é o plano? O plano é continuar a definhar serviços públicos,

enquanto todos o ouvimos gabar-se à exaustão dos resultados do défice?

Porque é difícil, de facto, convencer, seja quem for, dos bons resultados e do bom caminho desta política

quando a situação está à vista de todos.

Na saúde, a recusa sistemática de ir ao encontro das necessidades do SNS e dos seus profissionais significa,

na prática, que as pessoas querem uma consulta e não a têm, têm de esperar; as pessoas querem aceder a

uma urgência e ela está fechada; as pessoas não têm médico de família… Esta é que é a realidade! É a realidade

das filas e das pessoas que vão esperar durante a madrugada.

E o que é que o Governo vem apresentar, efetivamente, ao País no Orçamento? Diz-nos que vai fazer um

grande investimento, só que, depois, não diz que grande parte desse investimento entra e sai, vai direitinho para

os grupos privados da saúde que, entretanto, se apoderaram e cresceram à custa do estrangulamento do SNS.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Bem lembrado!

A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Que bom caminho é este que ninguém consegue ver?

Olha-se para as escolas — aliás, diz-se, frequentemente, que a educação é o investimento mais importante

que um país pode fazer no seu povo — e, então, o que é que devemos concluir daqui? É que o Governo desistiu

definitivamente do seu povo e do País.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — O Governo continua a fazer a opção de não reconhecer o que é devido aos

professores, a pagar mal, a desvalorizar as carreiras dos trabalhadores da educação, com milhares de alunos

que continuam sem professores e os recursos pedagógicos necessários. Podemos falar da ciência, que funciona

à base da precariedade. É tudo assim! É tudo neste registo!

Portanto, diga-nos uma área — uma área — em que os profissionais estejam a ter valorização dos salários,

a progressão das carreiras que lhes é devida. Diga uma, uma!