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31 DE OUTUBRO DE 2023

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Faltou à chamada dos professores. O aumento do vencimento real rasa a inflação e continuam a perder

poder de compra, como bem sabe. O acelerador das carreiras continua travado pelas vagas para o 5.º e 7.º

escalões e o apoio às rendas carece de clarificação. É, portanto, uma mão cheia de nada.

O Sr. Primeiro-Ministro falta à chamada do futuro do País. O Orçamento do Estado não traz qualquer

novidade ou arrojo para resolver os problemas da educação e representa 2,9 % do PIB, quando as organizações

internacionais recomendam 6 %.

A irrelevância da educação neste Orçamento do Estado é o espelho da incompetência deste Governo e do

seu alheamento face ao futuro do País.

Mas os anúncios continuam, Sr. Primeiro-Ministro: é agora que vai desburocratizar, que vai requalificar, que

vai combater o abandono escolar.

Nesta matéria, já que a trouxe à colação, permita-me relembrá-lo que o PSD reduziu a taxa de abandono

escolar em quase 10 pontos percentuais, em quatro anos, e o Sr. Primeiro-Ministro fez muito menos do que

isso, em oito.

Aplausos do PSD.

Sr. Primeiro-Ministro, já sabemos que o Ministro das Finanças não considera a educação uma prioridade,

mas queremos saber se, para o Governo, é ou não uma prioridade. E, já agora, o que é que tem a dizer aos

alunos e às famílias sobre a recuperação das aprendizagens, uma vez que o Orçamento do Estado que hoje

vem aqui defender diz zero, bola, quanto à recuperação de aprendizagens?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para um pedido de esclarecimento em nome do PS, tem a palavra o Sr. Deputado

Miguel Costa Matos.

O Sr. Miguel Matos (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs.

Ministros, a minha geração começou a escola durante a «paixão pela educação», de António Guterres.

Fomos a primeira geração a ter a escola a tempo inteiro, inglês no 1.º ciclo…

A Sr.ª Rita Matias (CH): — Inglês para emigrar!

O Sr. Miguel Matos (PS): — … e também atividades de enriquecimento curricular.

Muitos de nós tiveram o primeiro computador com o Magalhães ou o E-Escolas.

E, no meio de uma crise económica internacional, fomos para o ensino superior e vimos muitas famílias a

terem de fazer sacrifícios por nós, e alguns tiveram mesmo de desistir dos seus sonhos de poderem estudar.

E vimos, nessa altura de crises e de cortes, que, quando acabámos o nosso curso, um em cada três jovens

que procuravam emprego não o encontrava. Essa era uma altura em que subiam mesmo os impostos, era uma

altura em que a maneira de sair da crise era convidar os jovens a emigrar.

Protestos da Deputada do PSD Joana Barata Lopes.

Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, esta foi mesmo a sina da minha geração. Mas a minha irmã, que é nove

anos mais nova, é de uma outra geração. É de uma geração cuja adolescência passou pela covid e que agora

está, em números recorde, a ir para o ensino superior.

É a mesma geração que já beneficiou dos manuais escolares gratuitos e que sabe que, a partir deste ano,

vai beneficiar de transportes públicos gratuitos.

É a geração que vai para o ensino superior pagando menos 400 € de propinas, mas que também sabe que,

quando acabar o seu curso, vai ver essas propinas devolvidas, se ficar a trabalhar em Portugal.

É a geração que sabe que, ao contrário da altura em que os seus irmãos mais velhos se licenciavam, todas

as grandes empresas do mundo procuram o nosso País para poderem aqui criar emprego, e o desemprego

jovem está em mínimos históricos.