31 DE OUTUBRO DE 2023
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O Sr. Duarte Alves (PCP): — Em particular na saúde, a irresponsabilidade do Governo em recusar soluções
que fixem médicos e outros profissionais tem dado espaço ao cerco dos grupos privados, que levam os médicos
para degradarem o SNS e ficarem com cada vez maior domínio sobre os cuidados de saúde.
Também na educação, a irresponsabilidade do Governo em continuar a negar o tempo de serviço aos
professores, entre outras reivindicações, tem contribuído para que muitos se afastem da carreira docente, o que
origina a falta de professores nas escolas.
O Sr. João Dias (PCP): — Muito bem!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Este Orçamento, pelas escolhas que faz, continua a empobrecer o País.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Continua a falar!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — O crescimento anémico previsto para 2024, de 1,5 %, é o resultado deste
modelo de baixos salários, de baixa incorporação tecnológica, de desindustrialização e monocultura do turismo,
de abdicação de uma aposta na produção nacional, de uma política que esquece os setores produtivos e as
micro, pequenas e médias empresas, que não são apoiadas nem protegidas e, por isso, são esmagadas pelo
domínio monopolista dos grupos económicos da energia, dos combustíveis, da banca e da grande distribuição.
É o resultado das políticas neoliberais, das privatizações, que este Governo insiste em continuar, no caso da
TAP.
É o resultado da submissão às imposições da União Europeia e do euro.
É o resultado de uma política orçamental que tem como prioridade absoluta uma redução demasiado
acelerada do défice e da dívida, que é apresentada como um grande trunfo, mas que é, na verdade, um enorme
fator de atraso, porque é feita à custa de deixar investimentos por fazer.
O País precisa de romper com estas opções, que atrasam a economia, que expulsam os jovens, que
empobrecem quem trabalha, que degradam os serviços públicos, em contraste com os lucros milionários de
uma minoria.
Precisa de salários e pensões dignos.
Precisa de garantir o direito à habitação, de mais justiça fiscal e de serviços públicos universais como base
constitucional para maior justiça social e progresso.
Precisa de mais produção nacional e, para isso, precisa de mais soberania: soberania na política orçamental,
na política monetária, no controlo público de setores estratégicos da economia.
Precisa de soluções para os problemas e de uma alternativa patriótica e de esquerda,…
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Eh! Eh! Patriótica e de esquerda!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — … que o PCP, em confronto com esta proposta de Orçamento, não deixará de
trazer para a discussão na especialidade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — O Sr. Deputado tem um pedido de esclarecimento da Sr.ª Deputada
Clarisse Campos, a quem dou de imediato a palavra.
A Sr.ª Clarisse Campos (PS): — Sr. Presidente, cumprimento o Sr. Primeiro-Ministro, os Srs. Membros do
Governo, as Sr.as e os Srs. Deputados.
A intervenção do Sr. Deputado reflete, sem surpresas, a habitual posição do PCP, de pura demagogia,
confundindo o debate orçamental com uma lista de desejos.
Vozes do CH: — Eh lá!