24 DE NOVEMBRO DE 2023
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A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — E, sim, no próximo dia 10 de março há quem esteja preocupado com os portugueses e há alternativas ao circo político a que os extremos deste País, sobretudo as forças políticas antidemocráticas,…
O Sr. Pedro Pinto (CH): — O PAN é que é antidemocrático! A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — … nos habituaram ao longo deste mandato. O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Baixem as framboesas! Baixem as estufas! O Sr. Presidente: — Continuamos ainda na apreciação do artigo 2.º — Valor reforçado. Tem agora a palavra o Sr. Deputado Rui Tavares, do Livre. O Sr. Rui Tavares (L): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Caras e Caros Colegas, Caros
Concidadãos nas galerias, numa semana em que, da Argentina aos Países Baixos, há que identificar e reconhecer o sucesso das propostas autoritárias de extrema-direita —…
A Sr.ª Rita Matias (CH): — A democracia venceu! O Sr. Rui Tavares (L): — … e, já agora, da canibalização dos partidos tradicionais do centro-direita; tenham
atenção a isso —, e o sucesso daqueles que usam e, em meu entender, abusam da palavra «liberdade» — porque da boca deles a palavra «liberdade» sai como o Congresso brasileiro depois de os bolsonaristas lá terem defecado, sai conspurcada —, é preciso afirmar que um Orçamento é também um instrumento de liberdade.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Defecar?! Defecar?! O Sr. Rui Tavares (L): — É um instrumento da nossa liberdade coletiva, da liberdade de um país que só é
livre quando as pessoas andam de rosto erguido e conseguem olhar nos olhos do seu patrão, do seu cônjuge, do polícia ou do seu governante; um país onde as pessoas têm voz e são escutadas; um país que usa a sua liberdade para dar asas aos que são mais dinâmicos e cuidar dos que mais precisam; uma comunidade que cuida dos que são mais vulneráveis.
Um Orçamento é um instrumento de liberdade quando dizemos, como dissemos há dois anos, que o subsídio de desemprego tem de ser alargado às vítimas de violência doméstica, porque essa é uma condição da sua liberdade: poderem quebrar um ciclo de violência, poderem sair do seu emprego, se por acaso o compartilham com o seu abusador. E demorou, e custou, mas ontem isso foi promulgado pelo Presidente da República, o que dá liberdade às pessoas para fazerem ou refazerem a sua vida.
E isso estava no Orçamento em 2022. Como estava o Programa 3C, Casa, Conforto e Clima, que dezenas de milhares de famílias usaram — é que não é livre quem está em casa a passar mais frio do que em qualquer outra casa de qualquer outro país da Europa Ocidental. Ou ainda quando majorámos o abono de família para as famílias monoparentais — e um pai solteiro ou uma mãe solteira sabem que têm mais liberdade se puderem apoiar mais os seus filhos e filhas.
Mas um Orçamento não pode ser um Orçamento de liberdade quando neste País há gente que trabalha e está a morar na rua. Um Orçamento não pode ser um Orçamento de liberdade se não fizermos um fundo de emergência na habitação que vá buscar ao IMT (imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis) dos imóveis de luxo aquilo que é preciso para que as pessoas que trabalham não estejam a dormir na rua.
Que liberdade tem quem não tem um teto por cima da sua cabeça, quando precisa dele? Por exemplo, aqueles que precisam todos os dias de ir para o trabalho têm, agora sim, graças ao Passe
Ferroviário Nacional que o Livre propôs — e no ano passado disseram que era impossível e não aprovaram o que o Livre propôs —, a liberdade de, por 49 € por mês, andar em todos os comboios regionais do País; mas isso não é suficiente. Queremos que dos comboios regionais se passe para os comboios inter-regionais, suburbanos e urbanos deste País, para que as outras pessoas também tenham a liberdade de, a bom preço,