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II SÉRIE — NÚMERO 102

Entretato, para alterar esta situação começou-se, em 1969, a recorrer à importação de sardinha congelada, capturada pelo barco francês Doniban, logo adquirido pela Cooperativa dos Armadores da Pesca da Sardinha, o qual, juntamente com dois barcos da mesma Cooperativa —Polar e Patudo ... contribuíram, até meados da década de 70, para atenuar as dificuldades de abastecimento que se vinham notando.

No entanto, o desacordo entre os sectores da pesca e das conservas, nomeadamente quanto à qualidade e preço a pagar pela sardinha, em breve conduziu ao abandono desta colaboração e o recurso à sardinha congelada importada passou a ser prática corrente.

Assim, em 1974 a importação de sardinha congelada atingiu cerca de 11 0001, 44001 em 1975 e 43001 em 1976, para nos últimos três anos estes valores se traduzirem em 18 4801 em 1978, 13 2711 em 1979 e 13 133 t em 1980.

Como em 1978 e 1979 a utilização de sardinha fresca foi, em cada um deles, de cerca de 31 3001 e de cerca de 40 0001 em 1980, pode concluir-se que a produção destas conservas com base na sardinha congelada importada representou 37 %, 30 °lo e 19,7 o/o, respectivamente em 1978, 1979 e 1980.

Também a cavala era, em grande parte, fornecida pela pesca nacional, com grandes oscilações na sua oferta. Verificou-se, contudo, que em 1979 e em 1980 houve necessidade de recorrer à importação, uma vez que nesses anos as suas pequenas capturas não permitiram manter a sua normal produção.

Relativamente às outras espécies industrializáveis a situação é diferente, pois é fundamentalmente com base em peixe importado que a indústria labora.

Nos últimos três anos a importação de atum foi de 52991 em 1978, 23801.em 1979 e 45101 em 1980, números inferiores aos atingidos em 1977 e que se cifraram em 6390 L Pode dizer-se que o atum utilizado no continente é exclusivamente importado, sendo só da pesca nacional o laborado nas fábricas dos Açores e Madeira

Também o biquerão é, em grande parte, importado, queT congelado quer já anchovado, uma vez que desde o principio da década de 60 que esta espécie se tem mostrado ausente da costa portuguesa, embora, ultimamente, tenha recomeçado a aparecer, mas em quantidades ainda insuficientes.

A utilização, em grande escala, de sardinha congelada se, por um lado, tem contribuído para compensar a falta de sardinha fresca da costa, tem por vezes conduzido a determinados fabricos de difícil colocação junto de clientes tradicionais e para os quais nem sempre poderão existir mercados alternativos.

Também a sardinha capturada nos meses de Fevereiro e Março, pelo seu muito baixo teor de gordura, só é aceitável para fabricos correntes, e será fundamentalmente neste período, e mesmo em Abril, que o recurso à sardinha congelada, obtida em períodos em que o nível de gordura é ainda razoável, se considera oportuno por permitir uma utilização mais racional da capacidade de produção das unidades fabris.

O preço médio, por quilo, da sardinha congelada foi, no ano findo, de 17S96 para a importada e de 20338 para as cerca de 1701 da produção nacional, enquanto o da sardinha adquirida na lota foi de 10S18.

Mas não é só no peixe que se notam dificuldades quanto ao abastecimento de matérias-primas à indústria.

Em relação aos molhos de cobertura, embora se não possa dizer que a indústria nacional não tenha correspondido às solicitações do sector, pode contudo, afirmar-se que os preços a que aqueles são fornecidos constituem mais um entrave à manutenção da presença das conservas portuguesas nos mercados externos.

O sector conserveiro consome, fundamentalmente, azeite e óleo de soja, em proporções que têm variado ao longo dos anos, como se pode verificar pelos números abaixo alinhados:

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

Como se verifica houve, nos molhos de cobertura, uma substituição de azeite por óleo de soja nos últimos anos, tendo a utilização do primeiro passado de 79,3 °lo em 1970 para 36,4% em 1980. Neste ano utilizou-se o óleo de soja em cerca de 63,5% das conservas produzidas.

Os preços dos molhos de cobertura têm evoluído extraordinariamente no sentido da alta, pois de 23$/kg de azeite e I7$/kg de óleo d© amendoim em 1970 passou-se para 62$10/kg para o azeite, 19S60/kg para o óleo de amendoim e 29$50/kg para o de soja em 1975.

Em 1978 os preços foram, respectivamente, de 703/kg para o azeite e 40S20/kg para o óleo de soja, tendo atingido, no último trimestre de 1979, respectivamente, 112$50 e 46860, para, no ano findo, estes preços se situarem em 120S/kg para o azeite e 51$90/kg para o óleo de soja, estando já fixado: para 1981, o preço do azeite em 124$/kg.

No ano de 1980 o problema dos preços dos molhos de cobertura foi, em grande parte, solucionado, uma vez que foi restituída aos industriais exportadores a diferença entre os preços praticados no mercado interno para o azeite e óleos de soja e as respectivas cotações internacionais, diferença esta que foi fixada em 258/kg para o azeite e 10$/kg para o óleo de soja Para 1981 não está prevista qualquer restituição, o que irá agravar a situação da indústria exportadora portuguesa de conservas de peixe.

Também o vazio representa um factor importante no custo final do produto, tendo os seus preços sofrido aumentos sucessivos no decorrer dos últimos anos.

Pode-se ter uma ideia da influência destes três factores de produção no respectivo custo determinando a incidência percentual de cada um, com base em valores médios obtidos na indústria do Norte e áa> Algarve, e que é de cerca de 24% para o vazio, 25 % para a sardinha e 10 % para o óleo de soja.